quarta-feira, 17 de agosto de 2016

FRAGMENTOS MAQUIAVEL PEDAGOGO






MAQUIAVEL PEDAGOGO
Ou
O ministério da reforma psicológica


Uma revolução pedagógica baseada nos resultados da pesquisa psicopedagógica está em curso no mundo inteiro. Ela é conduzida por especialistas em Ciências da Educação que, formados todos nos mesmos meios revolucionários, logo dominaram os departamentos de educação de diversas instituições internacionais: Unesco, Conselho da Europa, Comissão de Bruxelas e OCDE. (P.6)
O estudo dos documentos em que tal ética está definida não deixa margem a qual quer dúvida: sob o manto da ética, e sustentada por uma retórica   e por uma dialética frequentemente notáveis, encontra-se a ideologia comunista, da qual apenas a aparência e os modos de ação foram modificados. A partir de uma mudança de valores, de uma modificação das atitudes e dos comportamentos, bem como de uma manipulação da cultura, pretende-se levar a cabo a revolução psicológica e, ulteriormente, a revolução social. (p.6)

Essa revolução pedagógica visa a impor uma “ética voltada para a criação de uma nova sociedade” e a estabelecer uma sociedade intercultural. A nova ética    não é outra coisa senão uma sofisticada representação da utopia comunista. (P.9) 
A prioridade é, já não a formação intelectual, mas o ensino “não cognitivo” e a “aprendizagem da vida social”. Também aqui o objetivo é modificar os valores, as atitudes e os comportamentos dos alunos (e dos professores). Para isso, são utilizadas técnicas de manipulação psicológica e de lavagem cerebral. (P. 11). 
Os ensinos formal e intelectual são negligenciados em proveito de um ensino não cognitivo e multidimensional, privilegiando o social. A reforma pedagógica introduzida no Ensino Médio tende igualmente a uma profunda modificação das práticas pedagógicas e de conteúdo do ensino. (P.11) 

CAPÍTULO I
AS TÉCNICAS DE
MANIPULAÇÃO PSICOLÓGICA
A submissão à autoridade

Em uma sé​rie de ex​pe​ri​ên​ci​as cé​le​bres, o pro​fes​sor Stan​ley Mil​gram evi​den​ci​ou de ma​nei​ra es​pe​ta​cu​lar o pa​pel da sub​mis​são à au​to​ri​da​de no com​por​ta​men​to hu​ma​no. Mil​gram9 re​pe​tiu suas ex​pe​ri​ên​ci​as com 300 mil pes​so​as, ex​pe​ri​ên​ci​as es​tas que fo​ram re​pro​du​zi​das em nu​me​ro​sos pa​í​ses. Os re​sul​ta​dos ob​ti​dos são in​dis​cu​tí​veis. A ex​pe​ri​ên​cia de base en​vol​ve três pes​so​as: o pes​qui​sa​dor, um su​pos​to alu​no, que na ver​da​de é um co​la​bo​ra​dor do pes​qui​sa​dor, e o ver​da​dei​ro ob​je​to da ex​pe​ri​ên​cia, o pro​fes​sor. A ex​pe​ri​ên​cia pre​ten​de su​pos​ta​men​te de​ter​mi​nar a in​flu​ên​cia das pu​ni​ções no apren​di​za​do. O pro​fes​sor deve en​tão mos​trar ao su​pos​to es​tu​dan​te ex​ten​sas lis​tas de pa​la​vras e, em se​gui​da, tes​tar sua me​mó​ria. Em caso de erro, uma pu​ni​ção pre​ci​sa ser im​pos​ta ao co​la​bo​ra​dor. O ob​je​to da ex​pe​ri​ên​cia ig​no​ra, na​tu​ral​men​te, o sta​tus real do co​la​bo​ra​dor, e crê que este, como ele pró​prio, não tem qual​quer re​la​ção com a or​ga​ni​za​ção da ex​pe​ri​ên​cia. As pu​ni​ções con​sis​tem em des​car​gas elé​tri​cas de 15 a 450 volts, as quais o pró​prio pro​fes​sor deve aci​o​nar con​tra o su​pos​to es​tu​dan​te, si​tu​a​do em uma peça vi​zi​nha. A vol​ta​gem das des​car​gas au​men​ta a cada erro co​me​ti​do. O co​la​bo​ra​dor, é cla​ro, não re​ce​be es​sas des​car​gas, con​tra​ri​a​men​te ao que acre​di​ta o pro​fes​sor – este é quem re​ce​be, no iní​cio do ex​pe​ri​men​to, uma des​car​ga de 45 volts, para “as​se​gu​rar-se de que o ge​ra​dor fun​ci​o​na”. As re​a​ções que o co​la​bo​ra​dor deve si​mu​lar são es​tri​ta​men​te co​di​fi​ca​das: a 75 volts ele co​me​ça a mur​mu​rar; a 120 volts, ele re​cla​ma; a 150 volts ele pede que pa​rem com a ex​pe​ri​ên​cia e, a 285 volts, ele lan​ça um gri​to de ago​nia, de​pois do qual se cala com​ple​ta​men​te. É as​se​gu​ra​do ao pro​fes​sor que os cho​ques são do​lo​ro​sos mas não dei​xam se​que​las. O pes​qui​sa​dor deve ze​lar para que a ex​pe​ri​ên​cia che​gue a seu ter​mo, tra​tan​do de en​co​ra​jar o pro​fes​sor, caso este ve​nha a ma​ni​fes​tar dú​vi​das quan​to à ino​cui​da​de da ex​pe​ri​ên​cia ou caso de​se​je en​cer​rá-la. Tam​bém es​ses en​co​ra​ja​men​tos são es​tri​ta​men​te co​di​fi​ca​dos: à pri​mei​ra ob​je​ção do pro​fes​sor, o pes​qui​sa​dor lhe res​pon​de: “Quei​ra con​ti​nu​ar, por fa​vor”; na se​gun​da vez: “A ex​pe​ri​ên​cia exi​ge que você con​ti​nue”; na ter​cei​ra vez: “É ab​so​lu​ta​men​te es​sen​ci​al que você con​ti​nue”; na quar​ta e úl​ti​ma vez: “Você não tem es​co​lha. Deve con​ti​nu​ar”. Se o pro​fes​sor per​sis​te em suas ob​je​ções após o quar​to en​co​ra​ja​men​to, a ex​pe​ri​ên​cia é en​cer​ra​da. O re​sul​ta​do da ex​pe​ri​ên​cia é es​pan​to​so: mais de 60% dos pro​fes​so​res le​vam-na até o fi​nal, mes​mo con​ven​ci​dos de que es​tão re​al​men​te ad​mi​nis​tran​do cor​ren​tes de 450 volts. Em al​guns pa​í​ses, a taxa che​ga a al​can​çar 85%. É pre​ci​so acres​cen​tar que a ex​pe​ri​ên​cia é ex​tre​ma​men​te pe​no​sa para os pro​fes​so​res, e que eles vi​ven​ci​am uma for​te pres​são psi​co​ló​gi​ca mas se​guem, não obs​tan​te, até o fim. Há algo, po​rém, ain​da mais in​qui​e​tan​te. No caso de o pro​fes​sor li​mi​tar-se a sim​ples​men​te ler a lis​ta de pa​la​vras, en​quan​to as des​car​gas são en​vi​a​das por ou​tra pes​soa, mais de 92% dos pro​fes​so​res che​gam a con​cluir in​te​gral​men​te a ex​pe​ri​ên​cia. As​sim, uma or​ga​ni​za​ção cuja ope​ra​ção é se​to​ri​za​da pode-se tor​nar um cego e te​mí​vel me​ca​nis​mo: “Esta é tal​vez a li​ção fun​da​men​tal de nos​so es​tu​do: o co​mum dos mor​tais, re​a​li​zan​do sim​ples​men​te seu tra​ba​lho, sem qual​quer hos​ti​li​da​de par​ti​cu​lar, pode-se tor​nar o agen​te de um pro​ces​so de des​trui​ção ter​rí​vel”.
                                                                              
O conformismo

A ten​dên​cia ao con​for​mis​mo foi es​tu​da​da por Asch,11 em sua cé​le​bre ex​pe​ri​ên​cia. Ao su​jei​to ava​li​a​do, apre​sen​ta-se uma li​nha tra​ça​da so​bre uma fo​lha; além dela, três ou​tras li​nhas de com​pri​men​tos di​ver​sos. Em se​gui​da, se lhe pede para apon​tar, en​tre es​sas três li​nhas, aque​la cuja me​di​da é igual à da li​nha-pa​drão. Por exem​plo: esta úl​ti​ma mede qua​tro po​le​ga​das, en​quan​to as li​nhas que de​vem ser a ela com​pa​ra​das me​dem, cada qual, três, cin​co e qua​tro po​le​ga​das. À ex​pe​ri​ên​cia es​tão pre​sen​tes in​di​ví​duos as​so​ci​a​dos ao pes​qui​sa​dor, que de​vem igual​men​te res​pon​der à ques​tão. Es​tes, cujo pa​pel real na ex​pe​ri​ên​cia é ig​no​ra​do pelo ava​li​a​do, dão, nos en​sai​os vá​li​dos, a mes​ma res​pos​ta er​rô​nea, com​bi​na​da an​te​ri​or​men​te à ex​pe​ri​ên​cia. O in​di​ví​duo tes​ta​do tem duas al​ter​na​ti​vas: ou dar uma res​pos​ta er​rô​nea ou se opor à opi​ni​ão unâ​ni​me do gru​po. A ex​pe​ri​ên​cia é re​pe​ti​da di​ver​sas ve​zes, com di​fe​ren​tes li​nhas-pa​drão e li​nhas para com​pa​rar. Há oca​si​ões em que os co​la​bo​ra​do​res res​pon​dem de modo cor​re​to (en​sai​os neu​tros). Apro​xi​ma​da​men​te três quar​tos dos in​di​ví​duos re​al​men​te ava​li​a​dos dei​xam-se in​flu​en​ci​ar nos en​sai​os vá​li​dos, dan​do uma ou vá​ri​as res​pos​tas er​rô​ne​as. As​sim, 32% das res​pos​tas da​das são er​rô​ne​as, mes​mo que a ques​tão não ofe​re​ça, na​tu​ral​men​te, qual​quer di​fi​cul​da​de. Na au​sên​cia de pressões, o per​cen​tu​al de res​pos​tas cor​re​tas che​ga a 92%.

Normas de grupo

A cé​le​bre ex​pe​ri​ên​cia de She​rif12 so​bre o efei​to au​to​ci​né​ti​co evi​den​cia a in​flu​ên​cia exer​ci​da por um gru​po so​bre a for​ma​ção das nor​mas e ati​tu​des de seus mem​bros. A ex​pe​ri​ên​cia de​sen​ro​la-se as​sim: ten​do-se ins​ta​la​do um in​di​ví​duo, so​zi​nho, em uma sala es​cu​ra, pede-se-lhe que des​cre​va os mo​vi​men​tos de uma pe​que​na fon​te lu​mi​no​sa, a qual, na ver​da​de, acha-se imó​vel. O su​jei​to, não en​con​tran​do ne​nhum pon​to de re​fe​rên​cia, logo co​me​ça a per​ce​ber mo​vi​men​tos er​rá​ti​cos (efei​to au​to​ci​né​ti​co). Após al​gum tem​po, pas​sa a con​si​de​rar que a am​pli​tu​de dos mo​vi​men​tos os​ci​la em tor​no de um va​lor mé​dio, que va​ria de in​di​ví​duo para in​di​ví​duo. Se, ao con​trá​rio, a ex​pe​ri​ên​cia é re​a​li​za​da com vá​ri​os in​di​ví​duos ob​ser​van​do a mes​ma fon​te lu​mi​no​sa e par​ti​lhan​do

Pé na porta

Freed​man e Fra​ser, em 1966,13 tra​zem à luz um fe​nô​me​no co​nhe​ci​do como pé-napor​ta. Tra​te​mos bre​ve​men​te de duas de suas ex​pe​ri​ên​ci​as. Com a pri​mei​ra de​las, se bus​ca​va co​nhe​cer, em fun​ção da ma​nei​ra como era for​mu​la​da a per​gun​ta, o per​cen​tu​al de do​nas de casa dis​pos​tas a res​pon​der a uma en​que​te a res​pei​to de seus há​bi​tos de con​su​mo. Es​ti​man​do que tal en​que​te de​ve​ria ser lon​ga e abor​re​ci​da, so​men​te 22% acei​ta​ram dela par​ti​ci​par quan​do se lhes con​vi​dou a isso di​re​ta​men​te. Mas os au​to​res, di​ri​gin​do-se a uma se​gun​da amos​tra​gem, fi​ze​ram pre​ce​der à per​gun​ta um pro​ces​so pre​pa​ra​tó​rio bas​tan​te sim​ples: três dias an​tes de for​mu​lá-la, te​le​fo​na​ram aos mem​bros des​se gru​po, so​li​ci​tan​do-lhes que res​pon​des​sem a oito per​gun​tas acer​ca de seus há​bi​tos de con​su​mo em ma​té​ria de pro​du​tos de lim​pe​za. Quan​do, três dias mais tar​de, se lhes pe​diu para que se sub​me​tes​sem à mes​ma en​que​te que fora fei​ta com os mem​bros da pri​mei​ra amos​tra​gem, a taxa de acei​ta​ção ele​vou-se a 52%. Cha​ma a aten​ção o fato de que um pro​ce​di​men​to tão sim​ples pos​sua ta​ma​nho po​der.

“Porta na cara”

Téc​ni​ca com​ple​men​tar à pre​ce​den​te, a “por​ta na cara”15 con​sis​te em apre​sen​tar, de iní​cio, um pe​di​do exor​bi​tan​te, que na​tu​ral​men​te será re​cu​sa​do, de​pois do que se for​mu​la um se​gun​do pe​di​do, en​tão acei​tá​vel. Em uma ex​pe​ri​ên​cia clás​si​ca, Ci​tal​di​ni et al. so​li​ci​ta​ram a al​guns es​tu​dan​tes que acom​pa​nhas​sem, por duas ho​ras, um gru​po de jo​vens de​lin​quen​tes em uma vi​si​ta ao zo​o​ló​gi​co. For​mu​la​da di​re​ta​men​te, essa so​li​ci​ta​ção ob​te​ve so​men​te 16,7% de acei​ta​ção. En​tre​tan​to, co​lo​can​do-a após um pe​di​do exor​bi​tan​te, a taxa ele​vou-se a 50%. Na​tu​ral​men​te, um “pé na por​ta” ou uma “por​ta na cara” po​dem ser úteis para se ex​tor​quir um ato cus​to​so, o qual, por sua vez, con​sis​ti​rá em um ato ali​ci​a​dor, no caso de um pró​xi​mo pé na por​ta. Com tal ex​pe​di​en​te, é pos​sí​vel ob​ter com​pro​me​ti​men​tos cada vez mais sig​ni​fi​ca​ti​vos. Essa téc​ni​ca de “bola de neve” é efe​ti​va​men​te apli​ca​da.

Dissonância cognitiva ou o espiritualismo dialético

A te​o​ria da dis​so​nân​cia cog​ni​ti​va, ela​bo​ra​da em 1957 por Fes​tin​ger,16 per​mi​te per​ce​ber o quan​to nos​sos atos po​dem in​flu​en​ci​ar nos​sas ati​tu​des, cren​ças, va​lo​res ou opi​ni​ões. Se é evi​den​te que nos​sos atos, em me​di​da mais ou me​nos vas​ta, são de​ter​mi​na​dos por nos​sas opi​ni​ões, bem me​nos cla​ro nos pa​re​ce que o in​ver​so seja ver​da​dei​ro, ou seja, que nos​sos atos pos​sam mo​di​fi​car nos​sas opi​ni​ões. A im​por​tân​cia des​sa cons​ta​ta​ção leva-nos a des​ta​cá-la, para que, a par​tir dela, se tor​nem vi​sí​veis as ra​zões pro​fun​das da re​for​ma do sis​te​ma edu​ca​ci​o​nal mun​di​al. Ve​ri​fi​ca​mos an​te​ri​or​men​te que é pos​sí​vel in​du​zir di​ver​sos com​por​ta​men​tos, ape​lan​do-se à au​to​ri​da​de, à ten​dên​cia ao con​for​mis​mo ou às téc​ni​cas do “pé na por​ta” ou da “por​ta na cara”. Os fun​da​men​tos que ser​vem de base a es​ses atos in​du​zi​dos re​per​cu​tem em se​gui​da so​bre as opi​ni​ões do su​jei​to, mo​di​fi​can​do-as (di​a​lé​ti​ca psi​co​ló​gi​ca). As​sim, en​con​tra​mo-nos di​an​te de um pro​ces​so ex​tre​ma​men​te po​de​ro​so, que per​mi​te a mo​de​la​gem do psi​quis​mo hu​ma​no e que, além dis​so, cons​ti​tui a base das téc​ni​cas de la​va​gem ce​re​bral.


Iniciação sexual de moças

Para par​ti​ci​par de dis​cussões em gru​po acer​ca da psi​co​lo​gia se​xu​al, al​gu​mas jo​vens fo​ram le​va​das a pas​sar por di​ver​sas “pro​vas ini​ci​á​ti​cas”.20 Ao pri​mei​ro gru​po im​pôs-se uma ini​ci​a​ção se​ve​ra e fas​ti​di​o​sa, psi​co​lo​gi​ca​men​te ali​ci​a​do​ra, por​tan​to. Ao se​gun​do, im​pôs-se uma ini​ci​a​ção su​per​fi​ci​al. O gru​po tes​te​mu​nho, por fim, foi ad​mi​ti​do sem qual​quer ini​ci​a​ção. A dis​cus​são fora pre​pa​ra​da para ser ex​tre​ma​men​te te​di​o​sa e de​sin​te​res​san​te. Cons​ta​tou-se, ao fi​nal, que as jo​vens que de​cla​ra​ram ha​ver gos​ta​do da dis​cus​são fo​ram jus​ta​men​te aque​las que pas​sa​ram pela ini​ci​a​ção mais se​ve​ra. Nes​se caso, a dis​so​nân​cia cog​ni​ti​va era pro​vo​ca​da pela con​tra​di​ção en​tre o in​ves​ti​men​to psi​co​ló​gi​co ne​ces​sá​rio para su​por​tar uma ini​ci​a​ção se​ve​ra e a au​sên​cia de qual​quer be​ne​fí​cio daí ob​ti​do.

A avaliação (dos alunos e dos professores)

A ava​li​a​ção23 con​sis​te em ou​tro meio ex​tre​ma​men​te efi​caz para con​du​zir à in​te​ri​o​ri​za​ção de va​lo​res e de ati​tu​des. Não é pos​sí​vel es​cla​re​cer os seus fun​da​men​tos re​cor​ren​do-se a ou​tras te​o​ri​as da psi​co​lo​gia so​ci​al que não a do en​ga​ja​men​to. Suas con​clusões po​dem ser re​su​mi​das em pou​cas pa​la​vras, di​zen​do-se que, por for​ça do exer​cí​cio do po​der per​so​ni​fi​ca​do pelo ava​li​a​dor, o su​jei​to da ava​li​a​ção é le​va​do a in​te​ri​o​ri​zar nor​mas so​ci​ais. Esse pro​ces​so está na base da re​pro​du​ção so​ci​al ou – se se al​te​ra a es​ca​la da ava​li​a​ção – da mo​di​fi​ca​ção de va​lo​res. A ava​li​a​ção for​ma​ti​va, con​for​me seu nome in​di​ca, visa ex​pres​sa​men​te a en​si​nar o su​jei​to

 A filosofia política claramente manipulatória que fundamenta tais práticas pressupõe um desprezo absoluto pela liberdade e dignidade humanas e pela democracia. (P.40)
Porém, mais que disposições e comportamentos, são os valores, que fundamentam um e outro, que devem ser subvertidos. (P.43)
Uma mudança de valores constitui uma revolução psicológica muito mais profunda que uma revolução social. (P.44)
Toda revolução psicológica requer uma revolução cultural. (P.47)
O professor deveria ter mais possibilidades de se engajar em atividades no exterior da escola e fora do curriculum, de guiar e de aconselhar os alunos e seus pais, e de organizar as atividades de seus alunos durante o lazer (Unesco).
(P.53)
A escola deve, portanto, veicular um ensino de ordem e ética:
                Assim, é absolutamente imprescindível e essencial incluir a questão dos valores e acatar seu discursão no âmbito da escola, dos saberes que ela transmite e que faculta aos alunos construir, das condições dessa transmissão e dessa construção, do seu funcionamento como instituição. (Conselho da Europa) (P.60)

Trata-se da de uma nova moral, pretensamente universal, e a qual se considera como elaborada cientificamente: 
Portanto é uma nova ética que se deve desenvolver, com o auxílio da educação e da transformação [tanto isso é verdadeiro, que a objetividade desta é um ideal de outra era], a fim de modificar as atitudes e os comportamentos. Possuir uma concepção global do nosso mundo é pensar globalmente para agir localmente. (Unesco) 
Toda adoção de valores morais de crenças deve ser realizada cientificamente. Devemos colocar e resolver todos os problemas a partir da pesquisa científica; particularmente, a questão da escolha e da adoção das ideias e das crenças deve ser considerado de maneira cientifica e com atitudes cientificas. (Unesco) (P.60) 

No caso da educação familiar, na maior parte do tempo, essa transmissão não é consciente. Os conselhos e as ordens dados pelos pais, pelos avós, pelos vizinhos, além de possivelmente contraditórios, não tornam o indivíduo, assim educado, consciente de sua liberdade pessoal e das escolhas éticas que ele poderia fazer.
Em resumo, para superar esse modo pouco seguro de transmissão, para seguir rumo a uma tomada de consciência pessoal e a uma escolha de valores universalmente válidos, é necessária uma educação formal que explicite esses valores. Essa explicitação pode e deve ser feita pela escola. O espírito crítico [das crianças], tendo por objeto os valores morais, e a reflexão ética são, portanto, os objetivos da educação formal nas instituições escolares, a fim de que cada criança, cada jovem possa, livremente, formar uma consciência ética, a qual lhe permita discernir o justo do in justo e desenvolver atitudes e comportamentos fundados sobre o respeito ao outro, sobre a compreensão do bem comum à humanidade: os direitos humanos e a paz. (Unesco)66
O jovem está inserido em uma rede de instituições e de poderes que contribuem para a sua formação e que, ao mesmo tempo, colaboram e disputam entre si para impor sua influência, seu modo de pensar, suas normas. 

O multiculturalismo está sendo introduzido nos IUFMS e no ensino escolar, como o prova, entre outros documentos, o catálogo do CNDP (Centro Nacional de Documentação Pedagógica). A cultura francesa é colocada no mesmo nível que as dos povos mais distantes de nós, tanto fisicamente quanto psicologicamente. As citações em seguida mostram a verdadeira face do multiculturalismo:

A África do Sul, o Canadá e a República Federal da Alemanha, entre outros países, oferecem o exemplo do modo como um go verno pode manipular a cultura. Colocam-se então questões capitais sobre o plano teórico: uma educação multicultural para quê? Quais são os alvos e os objetivos dessas medidas? Que tipo de sociedade se tem em vista? (Conselho da Europa)73
                                                   O intercultural afeta, assim, o conjunto da instituição educacional: o ensino pré-escolar, as línguas, a elaboração dos programas,
Os manuais e outras ferramentas pedagógicas, a administração, os exames, o controle e a avaliação, as atividades extraescolares, os laços entre a escola e a comunidade, os serviços de orientação e os serviços auxiliares, a preparação para a vida adulta, a formação inicial e contínua dos professores, a luta contra a xenofobia e o racismo. (Conselho da Europa)81

 A educação para a paz, a concórdia entre as nações, o desarmamento, o civismo pacífico, a fraternidade humana, a consciência da interdependência entre as nações e “a experiência da vida em uma sociedade multicultural” não se poderiam satisfazer com o ensino da história como é feito atualmente.
                                                    No que concerne às medidas a tomar, foram feitas as seguintes proposições: - elaboração de um manual de história geral da Europa, bem como um manual de história universal, com a ativa participação de comitês de historiadores dos países interessados. (Unesco, 4a Conferência dos Ministros da Educação)86

                         Esse processo contínuo de alterações aplicava-se não somente a jornais, mas também a livros, periódicos, panfletos, cartazes, folhetos, filmes, registros sonoros, caricaturas, fotografias; era aplicado a toda espécie de literatura ou documentação que tivesse qualquer significado político ou ideológico. Dia a dia, e quase minuto a minuto, o passado era atualizado. Desta forma, era possível demonstrar, com prova documental, a correção de todas as profecias do Partido. Jamais permanecia no arquivo qualquer notícia, artigo ou opinião que entrasse em conflito com as necessidades do momento. Toda a história era um palimpsesto, raspado e reescrito tantas vezes quantas fossem necessárias. Em nenhum caso se ria possível, uma vez feita a operação, que se provasse qualquer fraude. (Orwell, 1984)P90 
                      

Como já se pode pressentir, a promoção dos novos conteúdos (know how, valores, atitudes, concepção do mundo) e a sua integração nos planos de estudos implicam uma revisão vasta e profunda do sistema educacional, já que isso afeta, a um só tempo, as estruturas, a formação de professores, as atitudes e as mentalidades. (Unesco)92 O aperfeiçoamento da formação dos professo res, tanto a inicial quanto a continuada, a revisão dos manuais [mais particular mente de história] e a produção de novos materiais e de publicações pedagógicas auxiliares, interdisciplinares e atualizados, são de uma importância crucial em se tratando de inculcar nos alunos os valores e princípios enunciados na Recomendação sobre a Educação para a Compreensão, a Cooperação e a Paz Internacionais e a Educação Relativa aos Direitos do homem e às Liberdades Fundamentais adotada pela Unesco em 1974 [em seu período abertamente prócomunista]. Importa que os professores de todas as matérias recebam uma formação que os torne aptos a proceder segundo uma abordagem humanista. (Unesco, 4ª Conferência dos Ministros da Educação)P93.

Todos, dos diretores e administradores aos empregados de escritório e os demais não docentes, têm necessidade de uma reciclagem no que [Concerne ao interculturalismo]. Esse grupo empregou, em seguida, um certo número de estratégias visando a vencer a resistência à mudança, e propôs modelos de programas de formação de pessoal. (Conselho da Europa)99



No término de sua formação, os professores devem ensinar o novo curriculum com a ajuda de pedagogias ativas. Escondendo-se atrás dos direitos humanos, cuja definição eles se furtam a dar – direitos que, estendidos, dissimulam as reivindicações comunistas. (P.80) 
Numerosas vozes se elevaram, tanto na direita como na esquerda, para pregar a descentralização ou a desconcentração do sistema educacional francês. Os pontos principais desta reforma são os seguintes:  

conceder autonomia aos chefes de estabelecimento; 
descentralizar para permitir a participação das coletividades territoriais e dos agentes econômicos;
  dotar os professores de uma maior confiança. 

Como já o vimos, a reforma pedagógica que ocorre atualmente em numerosos países quer substituir os ensinamentos clássicos e cognitivos por um ensino “multidimensional e não cognitivo” que toque em todos os componentes da personalidade: ético, afetivo, social, cívico, político, estético, psicológico. 

Com o ensino se “aperfeiçoando”, a avaliação dos estudantes deve ser igualmente modificada. Em detrimento do acadêmico e do cognitivo, o ensino torna-se desde já “multidimensional” e incumbido, por isso mesmo, de todos os componentes da personalidade: ético, afetivo, social, político, estético, psicológico. 

A avaliação visa fundamentalmente a interiorizar os valores, as atitudes e os comportamentos desejados pelos governantes: 

A Nova Ordem Mundial instala seus representantes sobre cada continente – chamado “região” pelos iniciados – e em cada país. Assim se cria uma casta de tecnocratas, separada do povo, coisa que os europeus já conhecem. 

A Nova Ordem Mundial trabalha sobre a reprodução social, no que reside o do mínio das ciências sociais que estudam, particularmente, os “fatores que favorecem a mudança social”, o que, traduzido da língua de pau globalista, significa: as técnicas de influência e de controle social que conduzem à revolução silenciosa e doce (menchevique). 

A revolução psicopedagógica é, portanto, essencialmente totalitária. Nascida nos meios revolucionários. 

A opressão psicológica, da qual vimos os primeiros sintomas, baseia-se nas ideias de Skinner sobre os modos de controle “não aversivos”, que não suscitam oposição. Sendo por isso mesmo difícil de combater, ela deve ser inicialmente desmascarada e denunciada, mostrando-se o que ela é: uma ditadura psicológica.
     
Prof Marcelo A De Queiroz.

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