quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

TRECHOS E FRAGMENTOS DO GUIA DO POLITICAMENTE INCORRETO DA FILOSOFIA

                             


“Dizem eles que tudo isso é “culpa” do machismo, do capitalismo, do cristianismo, dos marcianos. Outra coisa que o politicamente correto detesta é a própria noção de aristocracia (que a filosofia, já em Platão, separou da noção de “aristocracia de sangue” para defini-la como “o governo dos mais virtuosos”), porque ela afirma que uns poucos são melhores do que a maioria dos homens. A sensibilidade democrática odeia esta verdade: os homens não são iguais, e os poucos melhores sempre carregaram a humanidade nas costas.”

“Mas, pelo fato de ter sido um fenômeno que entrou para a agenda da nova esquerda americana, a necessidade de melhores maneiras no convívio com os negros acabou por se transformar num “programa político de criação de uma nova consciência social” – mantras como esse me dão alergia. A diferença entre a velha esquerda e a nova esquerda é que, para a velha, a classe que salvaria o mundo seria o proletariado (os pobres), enquanto, para a nova, é todo tipo de grupos de “excluídos”: mulheres, negros, gays, aborígines, índios, marcianos... E também outra diferença é o caráter revisionista. Isto é, nada de revolução violenta, nada de destruição do capitalismo, mas sim de acomodação do status quo econômico às demandas de inclusão dos grupos de excluídos” 

“Daí foi um salto para virar ações afirmativas, isto é, leis e políticas públicas que gerassem a realização do processo (cotas de negros, gays, índios nas universidades e nas empresas, por exemplo). Associado a isso, a universidade começou a produzir (sendo a universidade sempre de esquerda) teorias sobre como a ideologia (estamos falando de descendentes diretos de Marx) de ricos, brancos, homens heterossexuais, ocidentais, cristãos criaram mentiras para colocar as vítimas (os grupos de excluídos citados acima) como sendo menos inteligentes, capazes, honestos etc. O próximo passo foi a criação de departamentos nas universidades dedicados à crítica da ideologia dos “poderosos”.”


“O problema com o politicamente correto é que ele acabou por criar uma agenda de mentiras intelectuais (filosóficas, históricas, psicológicas, antropológicas etc.) a serviço do “bem”, gerando censura e perseguições nas universidades e na mídia para aqueles que ousam pôr em dúvida suas mentiras “do bem”. Grande parte do espírito que move este livro é criticar algumas dessas mentiras ou colocá-las sob o olhar da filosofia e de alguns filósofos.”

“Movidos pela ideia rousseauniana de que o mais fraco politicamente é por definição melhor moralmente, o exército do politicamente correto se transformou numa grande horda de violência na esfera intelectual nas últimas décadas, criando uma verdadeira “cosmologia” politicamente correta – por exemplo, dizendo que Deus é na verdade uma Deusa – a serviço da transformação do mundo no mundo que eles têm na cabeça, muitas vezes inviabilizando qualquer possibilidade de pensar diferente.”

“O politicamente correto hoje é muito amplo como fenômeno, mas sempre é autoritário na sua essência, porque supõe estar salvando o mundo”

“Desculpar a falta de força de caráter da maioria se transformou em fato comum numa certa filosofia “revolucionária” depois da “politização” da ética na esteira de Rousseau e Marx – ou da ideologização de tudo, como quando se culpa o capitalismo por tudo de mau no mundo. Basicamente, o mundo sempre foi mau e continuará a ser, porque ele é fruto do comportamento humano, que parece ter certos pressupostos naturais.”

“Rand acerta em cheio quando mostra uma sociedade que só fala no “bem comum” e na “igualdade entre as pessoas” contra as diferenças naturais de virtudes entre elas, estas a serviço do mau-caratismo, da preguiça e da nulidade. Ao buscar destruir as “injustiças sociais”, o mundo descrito por Rand destrói a produtividade, fonte de toda a vida, paralisando o mundo.”

“Isso mesmo: força e coragem fazem as pessoas verdadeiras nas suas relações, enquanto a ausência de virtudes como essas as faz mentirosas e traiçoeiras. A distopia descrita por Rand é a melhor imagem do mundo dominado pelo politicamente correto: inveja, preguiça, mentira, pobreza, destruição do pensamento, tudo regado pelo falso amor pela humanidade. Atlas aqui representa todos os homens e mulheres que carregam e sempre carregaram o mundo nas costas e que nos últimos 200 anos passaram a ser objeto de crítica pela esquerda rousseauniana. Alguns trechos do livro poderão fazer você ter náuseas se for uma pessoa que sofre na pele a mentira dos preguiçosos amantes da igualdade. Rand afirma que a maior parte da humanidade sempre viveu às custas de uma minoria mais capaz e mais inteligente”

“O povo é sempre opressor. Quando aparece politicamente, é para quebrar coisas. O povo adere fácil e descaradamente (como aderiu nos séculos 19 e 20) a toda forma de totalitarismo. Se der comida, casa e hospital, o povo faz qualquer coisa que você pedir. Confiar no povo como regulador da democracia é confiar nos bons modos de um leão à mesa. Só mentirosos e ignorantes têm orgasmos políticos com o “povo”.”

“O politicamente correto é um caso clássico de censura à liberdade de pensamento, por isso, sob ele, o pensamento público fica pobre e repetitivo, por isso medíocre e covarde. Quando se acentua a igualdade na democracia, amplia-se a mediocridade, porque os covardes temem a liberdade”

“como se a autonomia fosse uma espécie de bolsa-família para toda a população. O indivíduo verdadeiro sofre a perseguição mais descarada, porque ele sim vive a dureza de ter uma personalidade ativa e por isso mesmo acaba sendo um cético com relação às promessas de autonomia para as massas. No fundo, o indivíduo fracassado e o homem-massa invejam a liberdade do indivíduo verdadeiro porque ela lhes parece um luxo. Na realidade são primitivos demais para entender a maldição que é ser indivíduo e a dor que é ser livre sem pertença a bandos.”

“Evidente que conviver com o diferente é essencial numa sociedade como a nossa, assolada pelos movimentos geográficos humanos, mas daí a dizer que todo outro é lindo é falso e, como sempre acontece com o politicamente correto, desvaloriza o próprio drama da convivência com o outro.”

“Se pensarmos no que diz Edmund Burke (século 18) sobre preconceitos, veremos que esses são mecanismos espontâneos de reação moral. Nesse sentido é muito difícil vencer preconceitos. Principalmente quando se trata de pessoas que creem que sua religião deve reger o mundo e que quem não crer nela é infiel e deve morrer.”

“Cenas como as que mostram conversas com árvores, bestas-feras que se unem aos bons índios azuis contra os capitalistas malvados ou os índios azuis de mãos dadas cantando sons mágicos ao redor de árvores emocionaram milhares de idiotas pelo mundo. Todo mundo sabe que quase ninguém está disposto a viver como os índios, mas é comum gente boba achá-los “superavançados” com suas técnicas médicas do Neolítico. Abraçar árvores não resolve nada, muito menos supor que poderíamos voltar a viver em sociedades pré-escrita ou pré-roda. A menos que mais da metade da população mundial morresse, esses delírios não servem para nada.”

“O que se revela aqui é o eterno caráter retardado mental (quando não mau caráter apenas) que o politicamente correto aplica a este tema da natureza e dos animais: a crueldade é parte dos esquemas de sobrevivência dos seres vivos, e não adianta projetarmos uma visão de pureza moral de nós mesmos, porque o mundo pararia de existir. O que suspeito fortemente é de que esses caras apenas desejam passar a imagem de bonzinhos porque não gostam de comer carne.”

“Salta aos olhos que muita gente se faz de bonzinho em cima do discurso politicamente correto tipo “save the whales”. Parece-me difícil sobreviver se quisermos salvar tudo o que vive sobre o planeta. E o que mais espanta é que justamente a tal da natureza é a primeira a ser cruel, e eles parecem que não veem. Basta ver o canal Discovery para perceber que não existe a natureza politicamente correta, ela é o oposto dessa praga.”

“O grande problema da fêmea da espécie humana já há mais de dezenas de milhares de anos é como sobreviver à gravidez e à lida com a prole. Passar sozinha por ambas as coisas sempre foi má ideia, tanto fisiológica quanto psicologicamente. A gravidez é cara fisiologicamente para a fêmea (logo, o sexo também), e não para o macho. Tirar o macho do exílio meramente animal para a humanização (fazê-lo “amar”, e não apenas “transar”) foi um enorme ganho adaptativo da espécie. Mas machos frouxos e pobres não servem para keepers. Logo, “mulher gosta de dinheiro”.”

“O politicamente correto parece ser anticientífico. Mas, mais do que isso, ele faz mal para homens e mulheres porque atrapalha milhares de anos de seleção natural de comportamentos nos quais homens e mulheres se reconhecem. A pressão pela “crítica ao macho” contamina as relações porque, apesar de se falar muito hoje em dia sobre homens serem mais sensíveis do que outrora, as mulheres (que não suportam fracos) só aguentam a sensibilidade masculina até a página três. Passou daí, elas se enchem. A superação da praga do politicamente correto é necessária em todos os campos do pensamento”

“Para terminar, um detalhe. Lembraria à leitora que não adianta ficar nervosa porque os homens não erotizam a inteligência das mulheres, enquanto as mulheres erotizam a inteligência dos homens. Fácil de entender: inteligência no homem é como dinheiro, uma forma de potência”


“A afirmação chega a ser risível – com o tempo passei a suspeitar de que, sim, há uma pitada de mau-caratismo no feminismo e provavelmente porque suas líderes são, em grande maioria, feias e mal-amadas e por isso querem um mundo feio e infeliz para se sentir mais em casa.”

“Não apenas as universidades, mas também a mídia é povoada por pessoas que afirmam o que a maioria quer ouvir, porque isso garante adesões e reduz riscos de confronto. O politicamente correto é um caso típico de opção, por gerar adesões a um discurso autoritário. Basta analisarmos grande parte do que se fala na academia e na mídia para perceber o quanto se repete o mesmo papinho “do bem” que está longe de descrever a realidade, quase sempre intratável ao “Bem”.”

“As ciências duras ainda podem entregar remédios e robots, as ciências humanas não têm nada para entregar. Quando algo de importante nelas acontece, é à revelia das instituições que as sediam. Todos estão quase sempre ocupados com seus miseráveis salários, mas dizem que não. O cotidiano é, assim, corroído pelo esforço do autoengano e da hipocrisia.”

“Se você bate foto dentro do avião, é porque não há esperanças para você. Ficar feliz por sair de férias de avião é brega. Um conselho: se você tem mais de 20 anos e acha avião chique, finja que não acha. Sinto dizer, o mundo acabou. Fique em casa.”

“O escritor americano Philip Roth, em seu livro O Animal Agonizante, afirma que infelizmente a emancipação feminina não foi usada pelos homens naquilo que ela seria uma vantagem para eles: a libertação masculina com relação à histeria da mulher que deixa os homens (os melhores, porque se preocupam em satisfazer e cuidar de suas mulheres e famílias) em apuros, porque, como todo homem sabe, a mulher nunca está satisfeita. E, se você se preocupa em deixá-la satisfeita, você vive uma batalha sem fim, que ela mesma não reconhece como existente. Faz parte da histeria não ter consciência de si mesma.”

“a praga PC ainda insiste em dizer que a farsa de Rousseau, o tipo de pessoa que ama a humanidade, mas detesta seu semelhante, é verdade. O fato é que todo mundo gosta de ouvir que é bom e que os outros é que o fazem ser mau e infeliz.”

“O importante é que o leitor perceba que a autoajuda e a autoestima se encontram com o politicamente correto na medida em que ele é incapaz de dizer qualquer coisa que não seja afirmar a “beleza moral do homem”, prejudicada apenas pela maldade de alguns poucos. Seu jogo é alimentar o orgulho humano, portanto, na verdade, ele é um tipo banal do velho pecado humano da vaidade. Mas numa versão baratíssima e miserável sem o drama trágico de um pecador como Raskolnikov de Crime e Castigo, de Dostoiévski, ou de um Adão do Paraíso Perdido, de John Milton. Dizer coisas como todo índio é legal, pobre é sempre gente boa, gay é sempre honesto, “eu não gosto de dinheiro”, quando na realidade todo mundo tem sua dose de miséria, além de vaidade barata, simplifica (como sempre, o pior efeito da praga PC é a burrice que ela cultiva) a natureza humana, nos impedindo de pensar em nós mesmos de modo adulto. Ideias como as de Pico e Rousseau servem para nos deixar infantis, e só gente infantil acredita na felicidade. Fingindo ser contra o mundo do mercado e do dinheiro, o politicamente correto é um dos seus produtos mais[…]”

“Dizer coisas como todo índio é legal, pobre é sempre gente boa, gay é sempre honesto, “eu não gosto de dinheiro”, quando na realidade todo mundo tem sua dose de miséria, além de vaidade barata, simplifica (como sempre, o pior efeito da praga PC é a burrice que ela cultiva) a natureza humana, nos impedindo de pensar em nós mesmos de modo adulto. Ideias como as de Pico e Rousseau servem para nos deixar infantis, e só gente infantil acredita na felicidade. Fingindo ser contra o mundo do mercado e do dinheiro, o politicamente correto é um dos seus produtos mais vagabundos em termos de qualidade. Entre a felicidade e a autoestima, prefiro o pecado.”

“porque a crítica ao politicamente correto é no fundo uma crítica filosófica, a partir da tradição que em filosofia se conhece como “moralistas franceses”, à tentativa de negarmos os demônios da alma humana. Sim, quando você, caro leitor, se vê diante do espelho, vê facilmente o rosto da inveja, do orgulho e da mentira com seu nome próprio.”


“O novo hipócrita social pensa que não esconde nenhum monstro dentro de si. Quando um idiota politicamente correto fala de si mesmo, pensa em si mesmo como um anjo que, por conta do domínio dos malvados (os “outros” que são os cruéis dominadores do mundo), não consegue viver o bem que ele carrega dentro de si. Esse idiota usa a política como modo de esconder o mal em si mesmo. A defesa que o mentiroso PC faz da humanidade é na realidade uma defesa de si mesmo. Ao fazer isso, ele nega ao homem a possibilidade de entrar em contato com seus próprios demônios e assim o torna um enganador de si mesmo, um retardado moral e um canalha que não se reconhece canalha e, por isso, não tem nem mesmo a dignidade de se saber mal, à semelhança de figuras trágicas como Lúcifer.”

“Como sempre, no politicamente correto, a teologia da libertação faz do homem um mentiroso sobre si mesmo ou um “retardado moral”. Ao retirar a contradição moral de “dentro” do homem e colocá-la na política, “fora dele”, como fazem os herdeiros de Rousseau, a praga PC e a teologia da libertação roubam do homem a possibilidade de angústia moral verdadeira, dizendo para ele que a culpa é dos ricos, e com isso elas apagam toda a tradição cristã de reflexão espiritual e moral centrada na consciência de culpa moral. Como dizia Heine, mais uma vez, só se traído pelos seus. Ninguém precisa de Nietzsche para matar Deus, basta chamar um teólogo da libertação.”

“só fanático podia imaginar uma sociedade com “justiça social”, porque produzir riqueza tem a ver com originalidade, inteligência, capacidade de disciplina, e nada disso tem a ver com “igualdade”. A natureza não é igualitária em seus dons e suas dádivas, tampouco em suas misérias: poucos são sempre melhores do que a maioria. Isso não significa que devemos cultuar “injustiças sociais”, mas sim que o melhor remédio para “injustiça social” é riqueza e abundância, e não pregadores fanáticos pela justiça social”

“Lembremos sempre a distopia de Aldous Huxley, o Admirável Mundo Novo: um mundo de gente feliz, sem liberdade (porque esta é essencialmente indiferente à igualdade), no qual a humanidade se perdeu dentro do projeto de higiene do sofrimento. Sociedades “justas” podem produzir grande mediocridade intelectual, como a nossa época, dadas as bobagens das redes sociais e as obsessões da saúde (fetiches “espirituais” da classe média). Muito do que o espírito humano produziu ele o fez em meio ao sofrimento. Isso não justifica o sofrimento, apenas indica que uma cultura da felicidade e da justiça social pode apenas gerar gente banal e medíocre”

“parte das pessoas que colaborava com o regime nazista o fez porque queria “ter melhor qualidade de vida” durante aqueles anos negros. Com isso não quero diminuir a covardia moral, quero apenas apontar a falsidade moral daqueles que hoje negam que seriam colaboradores. Agem como muita gente agiu quando queimou e humilhou em praça pública mulheres que foram amantes de alemães durante a ocupação. Enquanto os alemães ali estavam, buscaram a ajuda dessas mulheres e, ao fim, se fizeram de grandes justiceiros.
Se acontecer algo semelhante hoje, ocorrerá a mesma coisa. Somos basicamente covardes porque a vida é basicamente infeliz.”

“UMA PERGUNTA APENAS

Este assunto me interessa pouco, por isso vou falar pouco dele. Minha intenção aqui é simplesmente fazer uma pergunta: se a ditadura brasileira matou tanta gente da esquerda, por que, ao terminar a ditadura, a cultura como um todo (professores, mídia, literatura, filosofia, ciências humanas, artes, os principais partidos políticos) se revelou completamente de esquerda?
Independentemente do fato de que ditaduras são horríveis, a brasileira não liquidou a esquerda como se fala por aí. E mesmo os tais guerrilheiros lutavam por uma outra forma de ditadura. Tivesse a guerrilha de esquerda vencido a batalha, nós acordaríamos numa grande Cuba. A ditadura, de certa forma, nos salvou do pior.”

“A canalhice sempre pagou bem nesse mundo, e o politicamente correto é uma das novas formas de canalhice que assolam o mundo da cultura, da academia e da mídia.”

“Mas lamento profundamente o que se passou com a Bahia a partir dos anos 80: a música brega do povo tomou conta da cultura de Salvador, e, se você não gosta da “cultura afro” ou de “axé”, é necessariamente um racista, o que não é verdade. Eu posso não gostar de música viking ou coreana e nem por isso sou racista. A condenação imediata da crítica à africanização compulsória da cultura baiana é exemplo claro do autoritarismo do politicamente correto.”

“E pior: os espaços culturais em Salvador cada vez mais são infectados por esse fundamentalismo afro, destruindo toda a diferença cultural na Bahia em nome de um grupo majoritário que se aproveita do discurso “democrático”.”

“A ideia de que qualquer coisa que venha do povo é boa é absurda. Além do mais, a maior parte do povo é idiota porque a maioria é sempre idiota e infantil. Associa-se a esse fato geral uma outra marca mais específica desse caso, que é a questão dos negros e da indústria das vítimas sociais e históricas como entidades sagradas da verdade moral.”

“Ninguém põe em dúvida a escravidão e o preconceito racial nem o dever de acabar com eles. Mas dizer que, por isso, “tudo que é africano é lindo” ou que “todo negro é maravilhoso”, típico do politicamente correto, é um crime intelectual e afetivo.”

“O fato é que, além da devastação causada pela alegria histérica do axé baiano, vive-se numa constante escravidão a serviço do fundamentalismo afro. A Bahia é, nesse caso, um exemplo claro de vítima social e histórica da praga PC.”

“O welfare state nega o fato de que poucos são mais capazes, mais inteligentes, mais esforçados e mais disciplinados e que por isso devem gozar dos resultados das suas virtudes. Dizer isso é politicamente incorreto, mas é verdade. A praga PC (e seu parceiro, o Estado de bem-estar social europeu, responsável em grande parte pela derrocada da Europa nos últimos meses) estimula o vício e pune a virtude por não a reconhecer e por fazer com que ela pague a conta dos vagabundos”
“defendem a condição de mãe solteira como ganho da emancipação feminina. Todo mundo sabe que criança sem pai é estatisticamente mais permeável à disfunção social (mãe solteira só é bonito na novela das oito). A destruição ideológica das famílias em nome da emancipação feminina e dos filhos (o que as feministas chamam de “fim da família patriarcal”), a falta de emprego, o direito à preguiça universal e o culto da irresponsabilidade como forma de liberdade dos jovens têm criado um cenário de desespero no Reino Unido. Tudo isso com as bênçãos do politicamente correto declinado em inglês.
Esse caso revela a profunda relação entre a praga PC e o mau-caratismo.”

“O POLITICAMENTE CORRETO É UMA FORMA DE SER MAU-CARÁTER

Aqui encerro o relato do meu pecado. A praga PC deve ser combatida não porque seja bonito dizer piadas racistas (não é), mas porque ela é um instrumento de (maus) profissionais da cultura, normalmente gente mau-caráter, fraca intelectualmente, pobre e oportunista, para aniquilar o livre “comércio de ideias” ao seu redor, controlando as instâncias de razão pública, como universidades, escolas, jornais, revistas, rádio, TV e tribunais. Nascida da esquerda americana, ela é pior do que a esquerda clássica, porque essa pelo menos não era covarde. A praga PC usa métodos de coerção institucional e de assédio moral, visando calar todo mundo que discorda dela, antes de tudo, tentando fazer dessas pessoas monstros e, por fim, tentando inviabilizar o comércio livre de ideias. Ideias não são sempre coisas “boas”. Às vezes doem.”

“Ao final, a praga PC é apenas mais uma forma enraivecida de recusar a idade adulta e de aniquilar a inteligência. O que ela mais teme é a coragem. Por isso, diz que o povo é lindo quando não é, diz que as mulheres estão bem sozinhas, quando não estão (estavam mal acompanhadas e agora estão pior sozinhas, porque a humanidade é basicamente infeliz e incoerente com relação aos desejos e às expectativas), diz que a natureza é uma mãe quando ela é mais Medeia, nos proíbe de reclamar de gente brega ao nosso redor, mente sobre aqueles que lutaram contra a ditadura (eles não eram muito melhores do que os torturadores se tivessem a chance de torturar alguém), nega a importância da culpa porque é mau-caráter, enfim, não é capaz de reconhecer valor em nada porque nega a própria capacidade humana de fazer discernimento.
A praga PC é apenas mais uma face da velha ignorância humana.”