sábado, 21 de dezembro de 2013

O CAMINHO DA SERVIDÃO Trechos e Fragmentos



O CAMINHO DA SERVIDÃO 
Trechos e Fragmentos
Trecho de: Hayek, F. A. “O Caminho da Servidão.



“Se, a longo prazo, somos os criadores do nosso destino, de imediato somos escravos das idéias que criamos. Somente reconhecendo o perigo a tempo poderemos ter esperança de evitá-lo.”

“É porque quase todos o desejam que estamos marchando nessa direção. Não há nenhum fato objetivo que torne essa marcha inevitável. Mais tarde, teremos alguma coisa a dizer sobre a pretensa inevitabilidade da "planificação". A questão principal está em saber aonde esse movimento nos levará. Se as pessoas cujas convicções lhes emprestam agora um impulso irresistível começarem a ver o que apenas uns poucos já compreenderam, não será possível que recuem horrorizadas e abandonem o propósito em que durante meio século tanta gente de boa vontade se tem empenhado? Saber onde nos levarão essas idéias comuns à nossa geração é problema não para um partido mas para cada um de nós - e problema da mais importante significação. Poder-se-á imaginar maior tragédia do que, no esforço de modelar conscientemente o nosso futuro de acordo com elevados ideais, estarmos de fato e involuntariamente produzindo o oposto daquilo por que vimos lutando?”

“Chega-se a ter a impressão de que não desejamos compreender a seqüência dos fatos que produziram o totalitarismo porque tal compreensão poderia destruir algumas das mais caras ilusões a que nos apegamos.”

“Contudo, a história destes países nos anos anteriores ao surgimento do sistema totalitário apresentava poucos aspectos estranhos à nossa”

“Contudo, a história destes países nos anos anteriores ao surgimento do sistema totalitário apresentava poucos aspectos estranhos à nossa”

“A tendência moderna ao socialismo não implica apenas um rompimento definitivo com o passado recente, mas com toda a evolução da civilização ocidental, e isso se torna claro quando o consideramos não só em relação ao século XIX, mas numa perspectiva histórica mais ampla. Estamos rapidamente abandonando não só as idéias de Cobden e Bright, de Adam Smith e Hume, ou mesmo de Locke e Milton, mas também uma das características mais importantes da civilização ocidental que evoluiu a partir dos fundamentos lançados pelo cristianismo e pelos gregos e romanos. Renunciamos progressivamente não só ao liberalismo dos séculos XVIII e XIX, mas ao individualismo essencial que herdamos de Erasmo e Montagne, de Cícero e Tácito, de Péricles e Tucídides.”

“O fato de que este novo rumo tomado com tanta esperança e ambição nos fizesse deparar com o horror do totalitarismo representou um profundo choque para esta geração, que se recusa ainda a relacionar uma coisa à outra. Contudo, este desdobramento apenas confirma as advertências dos fundadores da filosofia liberal que ainda professamos. Fomos aos poucos abandonando aquela liberdade de ação econômica sem a qual a liberdade política e social jamais existiu."

"O princípio fundamental segundo o qual devemos utilizar ao máximo as forças espontâneas da sociedade e recorrer o menos possível à coerção pode ter uma infinita variedade de aplicações.”


“A GRANDE UTOPIA O que sempre fez do Estado um verdadeiro inferno foram justamente as tentativas de torná-lo um paraíso."
“O aspecto trágico do pensamento coletivista é que, ao tentar tornar a razão a instância suprema, acaba destruindo-a por interpretar de forma errônea o processo do qual depende o desenvolvimento dessa mesma razão. Pode-se dizer, com efeito, que o paradoxo das doutrinas coletivistas, e de sua exigência de controle e planejamento "consciente", reside no fato de que elas levam' inevitavelmente à necessidade de que a mente de um indivíduo venha a exercer o domínio supremo - enquanto a atitude individualista em face dos fenômenos sociais é a única que nos permite reconhecer as forças supra-individuais que regem a evolução da razão. O individualismo é, assim, uma atitude de humildade diante desse processo social e de tolerância para com as opiniões alheias, sendo a negação perfeita da arrogância intelectual implícita na idéia de que o processo social deva ser submetido a um amplo dirigismo.”

“Peter Drucker ( The End of Economic Man, p. 74) observa com razão que "quanto menos liberdade Há, mais ouvimos falar em 'nova liberdade'. Todavia, essa nova liberdade é uma simples palavra com que se encobre a negação completa de tudo quanto a Europa já entendeu por liberdade. ...A nova liberdade que se prega na Europa rcsume-se, entretanto, no direito da maioria contra o indivíduo".”

“A democracia amplia a esfera da liberdade individual [dizia ele em 1848], o socialismo a restringe. A democracia atribui a cada homem o valor máximo; o socialismo faz de cada homem um mero agente, um simples número. Democracia e socialismo nada têm em comum exceto uma palavra: igualdade. Mas observe-se a diferença: enquanto a democracia procura a igualdade na liberdade, o socialismo procura a igualdade na repressão e na servidão”

“socialismo equivale à abolição da iniciativa privada e da propriedade privada dos meios de produção, e à criação de um sistema de "economia planificada" no qual o empresário que trabalha visando ao lucro é substituído por um órgão central de planejamento.”

“Também não devemos esquecer que o socialismo não é apenas a espécie mais importante de coletivismo ou de "planificação"; é também a doutrina que persuadiu inúmeras pessoas de tendências liberais a se submeterem mais uma vez ao rígido controle da vida econômica que haviam abolido, pois, segundo Adam Smith, tal controle faz com que os governos, "para se manterem, sejam obrigados a tornar-se opressores e tirânicos".

“O que nossos planejadores exigem é um controle centralizado de toda a atividade econômica de acordo com um plano único, que estabeleça a maneira pela qual os recursos da sociedade sejam "conscientemente dirigidos" a fim de servir, de uma forma definida, a finalidades determinadas.”

“Em primeiro lugar, é necessário que os agentes, no mercado, tenham liberdade para vender e comprar a qualquer preço que encontre um interessado na transação, e que todos sejam livres para produzir, vender e comprar qualquer coisa que possa ser produzida ou vendida. E é essencial que o acesso às diferentes ocupações seja facultado a todos, e que a lei não tolere que indivíduos ou grupos tentem restringir esse acesso pelo uso aberto (58) ou disfarçado da força.”

“o surgimento de cartéis e sindicatos tem sido deliberadamente promovido desde 1878 pela política governamental. Não só o protecionismo mas também estímulos diretos, e por fim a coação, foram empregados pelos governos para favorecer a criação de monopólios, visando ao controle de preços e vendas. Foi lá que, com a ajuda do Estado, a primeira grande experiência de "planejamento científico" e "organização consciente da indústria" fez surgir monopólios gigantes"
“É justamente essa a função que o sistema de preços desempenha no regime de concorrência, e que nenhum outro sistema sequer promete realizar. Ele permite aos empresários ajustar sua atividade à de seus concidadãos pela (observação das oscilações de um certo número de preços, tal como o maquinista dirige o trem observando alguns mostradores. É importante assinalar que o sistema de preços só cumprirá sua função se a concorrência predominar, ou seja, se o (68) produtor tiver que se adaptar às alterações de preços e não puder controlá-las. Quanto mais complexo o todo, mais dependemos da divisão de conhecimentos entre indivíduos cujos esforços separados são coordenados pelo mecanismo impessoal, transmissor dessas importantes informações, que denominamos sistema de preços.”

“Entre o idealista dedicado e o fanático, muitas vezes há apenas um passo. Embora o ressentimento do especialista frustrado constitua o mais poderoso estímulo à reivindicação de planejamento central, è difícil imaginar um mundo mais intolerável -
e também mais irracional - do que aquele em que se permitisse aos mais eminentes especialistas de cada campo proceder sem entraves à realização dos seus ideais.”

“O "objetivo social" ou o "propósito comum" para o qual se pretende organizar a sociedade costuma ser vagamente definido como o "bem comum", o "bem-estar geral" ou o "interesse comum". Não é necessário muito esforço para se perceber que esses termos não estão suficientemente definidos para determinar uma linha específica de ação. O bem-estar è a felicidade de milhões não podem ser aferidos numa escala única de valores”

“É esse reconhecimento do indivíduo como juiz supremo dos próprios objetivos, é a convicção de que suas idéias deveriam governar-lhe tanto quanto possível a conduta que constitui a essência da visão individualista.”

“Infelizmente não é possível estender de modo contínuo a esfera da ação comum sem reduzir ao mesmo tempo a liberdade do indivíduo em sua própria esfera. Quando o setor público, em que o Estado controla todos os meios, excede certa parte do todo, os efeitos de suas ações dominam o sistema inteiro. Embora o Estado só controle diretamente o uso de uma grande parte dos recursos disponíveis, os efeitos de suas decisões sobre a parte restante do sistema econômico se tornam tão acentuados que, de forma indireta, ele passa a controlar quase tudo”
“O clamor por um ditador econômico é um estágio característico da tendência ao planejamento, já familiar neste país”

“Mas numa sociedade cujo funcionamento está subordinado ao planejamento central não se pode fazer com que esse controle dependa da possibilidade de um acordo de maioria; muitas vezes será necessário impor ao povo a vontade de uma pequena minoria, porque esta constitui o grupo mais numeroso capaz de chegar a um acordo sobre a questão em debate”

“Se na acepção dessas pessoas "capitalismo" significa um sistema de concorrência baseado no direito de dispor livremente da propriedade privada, é muito mais importante compreender que só no âmbito de tal sistema a democracia se torna possível. No momento em que for dominada por uma doutrina coletivista, a democracia destruirá a si mesma, inevitavelmente.”

“Não queremos dizer, contudo, que a ditadura leva inevitavelmente à abolição da liberdade, e sim que a planificação conduz à ditadura porque esta é o instrumento mais eficaz de coerção e de imposição de ideais, sendo, pois, essencial para que o planejamento em larga escala se torne possível. O conflito entre planificação e democracia decorre, simplesmente, do fato de que esta constitui um obstáculo à supressão da liberdade exigida pelo dirigismo econômico. Mas, ainda que a democracia deixe de ser uma garantia da liberdade individual, mesmo assim ela pode subsistir de algum modo num regime totalitário. Guardando embora a forma democrática, uma verdadeira "ditadura do proletariado" que dirigisse de maneira centralizada o sistema econômico provavelmente destruiria a liberdade pessoal de modo tão definitivo quanto qualquer autocracia.”

“Daí o conhecido fato de que, quanto mais o Estado ''planeja", mais difícil se torna para o indivíduo traçar seus próprios planos.”

“Mas chamar de privilégio a propriedade privada como tal, que todos podem adquirir segundo as mesmas normas, só porque alguns conseguem adquirí-la e outros não - é destituir a palavra privilégio do seu significado”

“A lei pode tornar legal aquilo que para todos os efeitos permanece uma ação arbitrária e, para possibilitar a gestão central das atividades econômicas, é-lhe necessário fazer isso. Se a lei declara que uma autoridade ou comissão podem agir da maneira que lhes convém, todas as ações destas serão legais - mas não estarão por certo sujeitas ao Estado de Direito. Conferindo-se ao governo poderes ilimitados, pode-se legalizar a mais arbitrária das normas; e desse modo a democracia pode estabelecer o mais completo despotismo.”

“O Estado de Direito implica, pois, uma limitação do campo legislativo: restringe-o às normas gerais conhecidas como Direito formal e exclui toda legislação que vise diretamente a determinados indivíduos, ou a investir alguém do uso do poder coercitivo do Estado tendo em vista tal discriminação. Ele não significa que tudo é regulado pela lei mas, ao contrário, que o poder coercitivo do Estado só pode ser usado em casos por esta definidos de antemão, e de tal maneira que se possa prever o modo como será usado. Qualquer lei aprovada pelo Parlamento pode, assim, infringir o Estado de Direito”

“Mas é fácil perceber que, seja qual for a sua forma, tais limitações dos poderes de legislar envolvem o reconhecimento do inalienável direito do indivíduo, dos invioláveis direitos do homem.”

“Nesse particular, são muito mais coerentes os numerosos reformadores que, desde o início do movimento socialista, atacaram a idéia "metafísica" dos direitos individuais, insistindo em que num mundo racionalmente organizado o indivíduo não terá direitos, mas apenas deveres. Esta se tornou, na verdade, a atitude mais comum dos chamados progressistas; e nunca alguém se expõe tanto ao risco de ser tachado de reacionário como quando protesta contra uma medida alegando que ela constitui violação dos direitos individuais”

“O controle da produção da riqueza é o controle da própria existência humana.
Hilaire Belloc”

“A maioria dos planejadores que analisaram em profundidade os aspectos práticos de sua tarefa está certa de que uma economia dirigida deve seguir linhas mais ou menos ditatoriais. Para ser submetido a um controle consciente, o complexo sistema de atividades interrelacionadas que constitui uma economia terá de ser dirigido por uma única equipe de especialistas, devendo a responsabilidade e o poder últimos ficar a cargo de um chefe supremo, cujos atos não poderão ser tolhidos pelos processos democráticos. Essas são conseqüências demasiado óbvias das idéias em que se baseia o planejamento central, razão por que não poderiam deixar de conquistar o consenso da maioria dos adeptos da planificação”

“Ter as nossas atividades econômicas controladas significa ser controlados sempre, a menos que declaremos em cada caso o nosso propósito específico. Mas como cada declaração de propósito dependeria de aprovação de autoridade, todos os nossos atos seriam realmente controlados.”

“Planejamento central significa que o problema econômico será resolvido pela comunidade e não pelo indivíduo; isso, porém, implica que caberá à comunidade, ou melhor, aos seus representantes,, decidir sobre a importância relativa das diferentes necessidades.”

“o planejamento econômico importaria o controle da quase totalidade da nossa vida. Não existiria praticamente nenhum aspecto desta - desde as necessidades primárias até as relações de família e de amizade, da natureza do nosso trabalho até o uso que fazemos de lazer - sobre o qual o planejador não exercesse seu "controle consciente”

“Já não defendem a planificação por sua produtividade superior, mas porque nos permitirá realizar uma distribuição da riqueza mais justa e eqüitativa. Este é, com efeito, o único argumento em seu favor digno de debate. Não há dúvida alguma de que, se quisermos assegurar uma distribuição da riqueza segundo um padrão predeterminado, se quisermos estabelecer conscientemente o que caberá a cada um, teremos de planifícar todo o sistema econômico. Resta saber se o preço que teríamos de pagar pela realização desse ideal de justiça não seria um descontentamento e uma opressão |maiores do que os jamais causados pelo livre jogo das forças econômicas, alvo de tão severas críticas.”

“Mas, como resultado, a substituição da concorrência pelo planejamento central exigiria um controle muito maior sobre a nossa vida do que até hoje foi tentado. Essa ingerência não poderia limitar-se àquilo que consideramos nossas atividades econômicas, porque hoje dependemos em quase tudo das atividades econômicas dos nossos semelhantes.”

“Nossa geração esqueceu que o sistema de propriedade privada é a mais importante garantia da liberdade, não só para os proprietários mas também para os que não o são. Ninguém dispõe de poder absoluto sobre nós, e, como indivíduos, podemos escolher o sentido de nossa vida - isso porque o controle dos meios de produção se acha dividido entre muitas pessoas que agem de modo independente. Se todos os meios de produção pertencessem a uma única entidade, fosse ela a "sociedade" como um todo ou um ditador, quem exercesse esse controle teria poder absoluto sobre nós.”


“Creio ter sido o próprio Lênin que introduziu na Rússia a famosa expressão "quem, a quem?", com a qual nos primeiros anos do regime soviético o povo sintetizava o problema universal de uma sociedade socialista.4 Quem planeja a vida de quem? Quem dirige e domina a quem? Quem determina a posição do indivíduo durante sua existência e quem tem o que lhe cabe determinado por outrem? Estas se tornam as questões essenciais, que só podem ser decididas pelo poder supremo.”

“Isso não é um simples jogo de palavras. Estamos tratando de uma questão crucial que a semelhança dos termos tende a ocultar. Embora o consenso em torno da igualdade completa solucionasse todos os problemas de mérito que o planejador tem de resolver, a opção por uma igualdade maior não soluciona quase nenhum. Seu teor não vai muito além de expressões vagas como "o bem comum" ou "o bem-estar social”

“A este respeito, hoje não é menos válido o que John Stuart Mill escreveu há quase um século: Poder-se-ia admitir uma regra fixa, como a da igualdade, ou a sorte ou uma necessidade externa; mas seria intolerável que um punhado de seres humanos pesasse todos na balança, dando mais a este e menos àquele a seu bel-prazer ou segundo o próprio critério de julgamento, a não ser que se tratasse de indivíduos considerados super-homens e apoiados em poderes sobrenaturais.”

“O planejamento bem-sucedido exige a criação de uma opinião comum sobre os valores essenciais; é por isso que a restrição da nossa liberdade no que diz respeito às coisas materiais atinge de modo tão direto nossa liberdade espiritual.”

“De fato, os socialistas foram em toda parte os primeiros a reconhecer que a tarefa por eles assumida exigia a aceitação generalizada de uma Weltanschauung ( N. do T.: literalmente, "visão de mundo"), comum de um conjunto definido de valores.”

“O problema, todavia, muda de caráter à medida que, na marcha progressiva para o socialismo, evidencia-se para o indivíduo que sua renda, e de um modo geral sua posição, são determinadas pelo mecanismo coercitivo do Estado e que ele só pode manter ou melhorar essa posição como membro de um grupo organizado capaz de influenciar ou controlar a máquina estatal.”

“Num país em que o único
empregador é o Estado, oposição
significa morte lenta por inanição.
O velho princípio "quem não
trabalha não come" foi substituído
por outro: "quem não obedece não
come".
Leon Trotsky (1937)”

“Com efeito, quando a segurança é entendida num sentido absoluto, o empenho geral em conquistá-la, ao invés de possibilitar maior liberdade, torna-se a mais grave ameaça a esta.”

“Benjamin Franklin expressou numa frase aplicável a todos nós como indivíduos não menos que como nações: "Aqueles que se dispõem a renunciar à liberdade essencial em troca de uma pequena segurança temporária não merecem liberdade nem segurança".”

“ POR QUE OS PIORES CHEGAM AO PODER
Todo poder corrompe, e o poder absoluto corrompe de maneira absoluta.
Lord Acton”

“homens inescrupulosos têm mais probabilidades de êxito numa sociedade que tende ao totalitarismo. Quem não percebe essa verdade ainda não mediu toda a vastidão do abismo que separa o totalitarismo dos regimes liberais, a profunda diferença entre a atmosfera moral do coletivismo e a civilização ocidental, essencialmente individualista.”

“Se a "comunidade" ou o Estado têm prioridade sobre os indivíduos, se possuem objetivos próprios superiores aos destes e deles independentes, só os indivíduos que trabalham para tais objetivos podem ser considerados membros da comunidade.”


“Como conseqüência necessária dessa perspectiva, uma pessoa só é respeitada na qualidade de membro do grupo, isto é, apenas se coopera para os objetivos comuns reconhecidos, e toda a sua dignidade deriva dessa cooperação, e não da sua condição de ser humano”

“Isto permanece válido ainda que muitos socialistas liberais orientem suas ações pela desastrosa ilusão de que, privando os indivíduos do poder que possuem num sistema individualista e transferindo-o à sociedade, lograrão acabar com o próprio poder. O que todos aqueles que usam esse argumento esquecem é que, concentrando-se o poder de modo a empregá-lo a serviço de um plano único, ele não será apenas transferido mas aumentado a um grau infinito; e que, enfeixando-se nas mãos de um só grupo uma autoridade antes exercida por muitos de forma independente, cria-se um poder infinitamente maior - tão amplo que quase chega a tornar-se um outro gênero de poder.”

“substituição do poder econômico pelo político", tão demandada hoje em dia, significa necessariamente a substituição de um poder sempre limitado por um outro ao qual ninguém pode escapar. Embora possa constituir um instrumento de coerção, o chamado poder econômico nunca se torna, nas mãos de particulares, um poder exclusivo ou completo, jamais se converte em poder sobre todos os aspectos da vida de outrem. No entanto, centralizado como instrumento do poder político, cria um grau de dependência que mal se distingue da escravidão.”

“Na ética individualista, o princípio de que o fim justifica os meios é considerado a negação de toda a moral. Na ética coletivista, torna-se (142) a regra suprema; não há literalmente nada que o coletivista coerente não deva estar pronto a fazer, desde que contribua para o "bem da comunidade", porque o "bem da comunidade" é para ele o único critério que justifica a ação. A "razão de Estado", em que a ética coletivista encontrou a sua formulação mais explícita, não conhece outros limites que não os da conveniência - a adequação do ato particular ao objetivo que se tem em vista. E o que a "razão de Estado" afirma no tocante às relações entre diferentes países aplica-se também às relações entre diferentes indivíduos no Estado coletivista. Não pode haver limites para aquilo que o cidadão desse Estado deve estar pronto a fazer, nenhum ato que a consciência o impeça de praticar, desde que seja necessário à consecução de um objetivo que a comunidade impôs a si mesma ou que os superiores lhe ordenem.”

“Uma vez admitido que o indivíduo é simples instrumento para servir aos fins da entidade superior que se chama sociedade ou nação, manifesta-se necessariamente a maior parte dessas características dos regimes totalitários que nos enchem de horror. Da perspectiva coletivista, a intolerância e a brutal supressão da dissidência, o completo desrespeito pela vida e pela felicidade do indivíduo são conseqüências essenciais e inevitáveis dessa premissa básica. O coletivista pode aceitar esse lato, e ao mesmo tempo afirmar que seu sistema é superior àqueles em que se permite que interesses individuais "egoístas" criem embaraços à plena realização das metas visadas pela comunidade. Quando os filósofos alemães (144) repetidas vezes caracterizam como imoral em si mesma a busca da felicidade pessoal e apenas digno de louvor o cumprimento do dever imposto, estão usando de completa sinceridade, por mais incompreensível que isso pareça às pessoas educadas numa tradição diferente.”
“O FIM DA VERDADE
É significativo que em todos os
países a estatização do pensamento
tenha sempre caminhado pari passu
com a estatização da indústria.
E. H. Carr”

“ Embora seja necessário escolher as idéias e impô-las ao povo, elas devem converter-se nas idéias do povo, num credo aceito por todos que leve os indivíduos, tanto quanto possível, a agir espontaneamente do modo desejado pelo planejador. Se o sentimento de opressão nos países totalitários é, em geral, bem menos agudo do que muitos imaginam nos países liberais, é porque os governos totalitários conseguem em grande parte fazer o povo pensar como eles querem. Isto, evidentemente, é realizado pelas várias formas de propaganda”

“único ponto a salientar é que nem a propaganda em si nem as técnicas empregadas são peculiares ao totalitarismo; o que altera de forma tão abrangente sua natureza e efeitos num Estado totalitário é o fato de que a propaganda visa a um único alvo: todos os instrumentos de propaganda são coordenados de modo a conduzir os indivíduos na mesma direção e a produzir a característica Gleichschaltung (N. do R. Literalmente,
"padronização") de todas as mentes”

“E a técnica mais eficiente para a consecução desse fim é continuar a usar as velhas palavras, alterando-lhes, porém, o sentido. Poucos aspectos dos regimes totalitários despertam tanta confusão no observador superficial e são, ao mesmo tempo, tão característicos do clima intelectual desses sistemas, como a completa perversão da linguagem, a mudança de sentido das palavras que expressam os ideais dos novos regimes.”

“E a confusão agrava-se ainda mais porque essa alteração do sentido das palavras que definem ideais políticos não é um fato isolado mas um processo contínuo, uma técnica empregada consciente ou inconscientemente com o fim de dirigir o povo. Pouco a pouco, à medida que o processo se desenrola, toda a linguagem é por assim dizer esvaziada, e as palavras são despojadas de qualquer significado preciso, podendo designar tanto uma coisa como o seu oposto e sendo usadas apenas por causa das conotações emocionais que ainda lhes estão vinculadas.”

“Assim, os fatos e as teorias tornam-se objeto de uma doutrina oficial, na mesma medida em que as opiniões sobre valores. Todo o arsenal educativo - as escolas e a imprensa, o rádio e o cinema será empregado exclusivamente para disseminar as idéias, verdadeiras ou falsas, que fortaleçam a crença na justeza das decisões tomadas pela autoridade; e toda informação que possa causar dúvidas ou hesitações será suprimida. O provável efeito sobre a lealdade do povo ao sistema torna-se o único critério para resolver se determinada informação deve ser publicada ou não. A situação num Estado totalitário é, permanentemente, e em todos os campos, a mesma de qualquer outro país, com relação a determinados assuntos, em tempo de guerra.”

“Não há, pois, campo algum em que não se pratique o controle sistemático das informações e em que a uniformidade de pontos de vista não seja imposta.”

“Os social-democratas, com o auxílio desse sufrágio [universal], ocuparam todos os postos que podiam obter no Reichstag, no Parlamento, nos Conselhos Municipais, na Justiça do Trabalho, nos institutos de previdência social, e assim por diante. Desse modo, penetraram fundo no organismo do Estado. Mas o preço disso foi que o Estado, por sua vez, passou a exercer grande influência sobre as classes trabalhadoras. Sem dúvida, como resultado do árduo esforço desenvolvido pelos socialistas durante cinqüenta anos, o Estado já não é o mesmo de 1867, quando foi implantado o sufrágio universal; mas, por sua vez, a social-democracia já não é a mesma daquela época. O Estado passou por um processo de socialização e a social-democracia sofreu um processo de estatização.”

“OS TOTALITÁRIOS EM NOSSO MEIO
Quando a autoridade se apresenta
disfarçada em organização,
aumenta de tal modo o seu fascínio
que pode levar nações livres a
converter-se em Estados
totalitários.
The Times”

“É de notar que o dogma segundo o qual a história obedece a leis científicas é pregado sobretudo pelos partidários da autoridade arbitrária. Isso é muito natural, pois elimina as duas realidades mais odiadas por eles, isto é, a liberdade humana e a ação histórica do indivíduo”

“planejamento" em grande escala. Embora não seja tão franco em seu desprezo pela liberdade quanto Crowther, o Dr. Waddington não é muito mais encorajador do que ele. Difere da maior parte dos escritores do mesmo gênero pelo fato de perceber com clareza e até enfatizar que as tendências por ele descritas e defendidas conduzem inevitavelmente a um sistema totalitário”

“Um Estado que permite concentrações tão imensas de poder não pode consentir que este repouse inteiramente no controle privado. Também não é menos ilusório supor que em tais condições os empresários possam gozar por muito tempo da situação especial de que desfrutam numa sociedade baseada na concorrência justificável pelo fato de que, embora a probabilidade de sucesso leve muitos a se arriscar, apenas alguns são bem-sucedidos. Não surpreende que os empresários desejem gozar, não apenas da elevada renda que o regime de concorrência possibilita aos vencedores, mas também da (178) segurança do funcionário público. Enquanto um vasto setor da indústria privada coexistir com a indústria dirigida pelo governo, um empresário de talento poderá conquistar salários elevados, mesmo em posições bastante seguras. Embora, porém, seja possível aos diretores de grandes empresas verem suas esperanças realizadas durante uma fase de transição, não tardarão a verificar, como seus colegas alemães, que já não são senhores, tendo, antes de contentar-se em todos os aspectos com os poderes e emolumentos que o governo lhes conceder”

“Quando, porém, se trata de muitas indústrias monopólicas, é preferível deixá-las nas mãos de indivíduos diferentes a reuni-las sob o controle único do Estado. Ainda que as estradas de ferro, os transportes terrestres e aéreos ou o abastecimento de gás e eletricidade fossem necessariamente monopólios, a posição do consumidor seria sem dúvida mais forte enquanto tais setores continuassem constituindo monopólios separados, do que se fossem "coordenados" por um controle central.”

“O mecanismo do monopólio se identificaria com o mecanismo do Estado e este, por sua vez, se aliaria cada vez mais aos interesses dos dirigentes, em prejuízo dos interesses do povo em geral.”

“Não há outra alternativa: ou a ordem estabelecida pela disciplina impessoal do mercado, ou a ordem comandada pelo arbítrio de alguns indivíduos; e aqueles que se empenham em destruir a primeira estão ajudando, consciente ou inconscientemente, a criar a segunda. Mesmo que nessa nova ordem alguns trabalhadores passem a se alimentar melhor e (o que é indubitável) todos passem a se vestir de maneira mais uniforme, é lícito duvidar que a maioria dos trabalhadores ingleses fique agradecida aos seus líderes intelectuais por a terem presenteado (181) com uma doutrina socialista que ameace a sua liberdade pessoal.”

“Enganam-se, porém, quando levam mais longe a comparação, afirmando que devemos aprender a dominar as forças da sociedade da mesma forma que aprendemos a dominar as forças da natureza. Esse é o caminho não só do totalitarismo mas também da destruição da nossa civilização e um meio certo de obstar o progresso futuro.”

“Aqueles que reivindicam tal domínio das forças sociais mostram não terem ainda compreendido até que ponto a simples preservação do que até agora conquistamos depende da coordenação dos esforços individuais por forças impessoais.”

“Voltaremos agora por alguns momentos ao ponto crucial: a liberdade individual é inconciliável com a supremacia de um objetivo único ao qual a sociedade inteira tenha de ser subordinada de uma forma completa e permanente. A única exceção à regra de que uma sociedade livre não deve ser submetida a uma finalidade exclusiva é constituída pela guerra e por outras calamidades temporárias, ocasiões em que a subordinação de quase tudo à necessidade imediata e (187) premente é o preço que temos de pagar pela preservação, a longo prazo, da nossa liberdade. Isso explica também por que são tão errôneas muitas idéias hoje em moda, segundo as quais devemos aplicar aos fins da paz os processos que aprendemos a empregar para fins de guerra. Ê sensato sacrificar temporariamente a liberdade de modo a garanti-la para o futuro; não se pode dizer, porém, o mesmo de um sistema proposto como solução permanente.”

“Nunca se deveria esquecer que o fator decisivo do advento do totalitarismo no Continente, fator que ainda inexiste neste país, foi o surgimento de uma classe média despojada de seus bens.”


“Nossas esperanças de evitar o destino que nos ameaça devem, com efeito, repousar em grande parte na perspectiva da retomada de um progresso econômico acelerado que nos faça ascender continuamente por mais baixo que tenhamos de começar”

“Há claros indícios de que nos tornamos, na realidade, mais tolerantes para com determinados abusos e muito mais indiferentes perante as desigualdades em casos individuais, depois que voltamos nossa atenção para um sistema inteiramente novo, em que o Estado resolverá todas as questões. É bem possível mesmo, como se tem sugerido, que a paixão pela ação coletiva seja um meio pelo qual, coletivamente e sem remorso, passamos a satisfazer o egoísmo que, como indivíduos, tínhamos aprendido, em parte, a reprimir.”

“É verdade que as virtudes menos estimadas e praticadas hoje em dia - a independência, a confiança em si mesmo e a disposição para assumir riscos, para defender as convicções pessoais contra a maioria e para cooperar voluntariamente com os nossos semelhantes -são as principais virtudes em que repousa uma sociedade individualista. O coletivismo não tem como substituí-las, e na medida em que as destruiu deixou um vácuo que não é preenchido senão pela exigência de submissão e pela coerção do indivíduo para que faça o que a coletividade declara justo”

“que não é possível fazer omeletes sem quebrar ovos, notamos que os ovos quebrados nesse processo são sempre aqueles que, uma ou duas gerações atrás, eram considerados as bases essenciais da vida civilizada”

“As virtudes nas quais em geral se admitia que esse povo superava os demais, com exceção de algumas nações pequenas, como os suíços e os holandeses, eram a independência e a fé em si mesmo, a iniciativa individual e a responsabilidade pela solução de problemas em nível local, a justificada confiança na atividade voluntária, a não-interferência nos assuntos dos vizinhos e a tolerância para com os excêntricos e os originais, o respeito pelo costume e pela tradição e uma saudável desconfiança do poder e da autoridade.”

“Pois a experiência os fez mais prudentes: aprenderam que nem as boas intenções nem a eficiência da organização podem preservar a decência num sistema em que a liberdade e a responsabilidade pessoal são destruídas”

“De todas as restrições à
democracia, a federação tem sido a
mais eficaz c a que mais favorece a
harmonia. ...O sistema federativo
limita e restringe o poder
soberano, dividindo-o e concedendo
ao governo apenas certos direitos
definidos. É o único meio de
refrear, não só a maioria, mas o
poder do povo inteiro.
Lord Acton”

“Muitas formas de planejamento econômico só são praticáveis, com efeito, quando a autoridade planejadora está em condições de afastar todas as influências externas. O resultado inevitável de tal planejamento é, em conseqüência, o acúmulo de restrições ao movimento de pessoas e mercadorias”

“Aqueles que compreendem ao menos em parte essas ameaças costumam chegar à conclusão de que o planejamento econômico se deve realizar em nível "internacional", isto é, deve ser feito por alguma autoridade supranacional. Mas, conquanto isso pudesse afastar alguns dos perigos óbvios criados pelo planejamento em escala nacional, parece que os defensores de planos tão ambiciosos têm pouca noção das dificuldades e perigos ainda maiores suscitados por suas propostas. Os problemas decorrentes da ordenação deliberada dos assuntos econômicos em escala nacional assumem inevitavelmente proporções maiores quando a mesma coisa é levada a efeito em escala internacional. O conflito entre planificação e liberdade não pode deixar de agravar-se à medida que diminui a semelhança de valores e de padrões entre os que são submetidos a um plano unitário. Não é muito difícil planejar a vida econômica de uma família, e a dificuldade é pouco maior quando se trata de uma comunidade pequena. Mas à proporção que a escala aumenta, diminui o (199) consenso a respeito da ordem de importância dos objetivos“Numa pequena comunidade, os padrões de valores e as opiniões sobre a importância relativa das tarefas principais serão comuns no que diz respeito a um grande número de questões. Este número, porém, diminuirá cada vez mais à medida que se amplia o âmbito de planificação; e, diminuindo o consenso, crescerá a necessidade de adotar a força e a coerção.”

“o planejamento realizado em escala internacional não pode ser senão a lei da força: a imposição, por parte de um reduzido grupo, do tipo de trabalho e do padrão de vida que os planejadores julgam convir aos demais”

“Mas é impossível ser justo e permitir que cada um viva a seu modo quando a autoridade central distribui matérias-primas e aloca mercados, quando todo esforço espontâneo depende de uma "aprovação'' e nada se pode fazer sem a sanção da autoridade central.”

“os povos assentissem em delegar tais poderes a uma autoridade (205) internacional, não tardariam a descobrir que o que tinham delegado não era uma simples tarefa técnica e sim o mais amplo controle sobre suas próprias vidas.”

“É significativo que os mais apaixonados defensores de uma Nova Ordem para a Europa, com direção econômica centralizada, revelem, como os seus protótipos fabianos e alemães, o mais completo desdém pela individualidade e pelos direitos das pequenas nações”

“É significativo que os mais apaixonados defensores de uma Nova Ordem para a Europa, com direção econômica centralizada, revelem, como os seus protótipos fabianos e alemães, o mais completo desdém pela individualidade e pelos direitos das pequenas nações”

“A forma de governo internacional sob a qual certos poderes estritamente definidos são transferidos a uma autoridade superior, enquanto sob todos os outros aspectos cada país permanece responsável pela sua política interna é, naturalmente, a da federação. Não devemos permitir que os numerosos argumentos irrefletidos, e muitas vezes tolos, apresentados em favor de uma "União Federal" durante o apogeu da propaganda nesse sentido, obscureçam o fato de que o princípio federativo é a única forma de associação de povos diferentes capaz de criar uma ordem internacional sem restringir de maneira indevida o desejo de independência desses povos.7 O federalismo nada mais é do que a aplicação, aos assuntos internacionais, da democracia, único método de mudança pacífica até hoje inventado pelo homem. Trata-se, porém, de uma democracia com poderes claramente limitados. Além do ideal mais impraticável que visa a fundir diferentes países num único Estado centralizado (cuja conveniência, aliás, está longe de ser evidente), a federação é o único meio de converter em realidade o ideal do Direito internacional. Não devemos iludir-nos: no passado, ao denominar Direito internacional as regras de conduta entre as nações, estávamos apenas manifestando (207) uma aspiração hipócrita. "

“Quando queremos impedir que as pessoas se matem umas às outras, não nos contentamos em declarar em público que o homicídio é condenável: conferimos poder a uma autoridade para impedi-lo. Do mesmo modo, não haverá Direito internacional se não existir um poder que o aplique.”

“Uma autoridade internacional que limite de modo efetivo o poder do Estado sobre o indivíduo será uma das melhores salvaguardas da paz. O Estado de Direito internacional deve tornar-se uma proteção tanto contra a tirania do Estado sobre o indivíduo, como contra a (209) tirania do novo super-estado sobre as comunidades nacionais. Nossa meta não deve ser nem um superestado onipotente, nem uma frouxa associação indefinida de "nações livres", mas uma comunidade de nações formadas de homens livres. Durante muito tempo, afirmamos que se tornara impossível adotar aos negócios internacionais uma linha de ação que nos parecia aconselhável, porque os outros recusavam entrar no jogo. O acordo a ser estabelecido constituirá uma oportunidade de mostrarmos que fomos sinceros e que estamos prontos a aceitar as mesmas restrições à nossa liberdade de ação que, no interesse comum, achamos necessário impor aos outros.”

“Agora, é mais importante remover os obstáculos com que a insensatez humana obstruiu o nosso caminho e liberar a energia criadora dos indivíduos, do que inventar novos mecanismos para "guiá-los" e "dirigi-los" -criar condições favoráveis ao progresso, ao invés de
"planejar o progresso”

“Se fracassamos na primeira tentativa de criar um mundo de homens livres, devemos tentar novamente. O princípio orientador - o de que uma política de liberdade para o indivíduo é a única política que de fato conduz ao progresso permanece tão verdadeiro hoje como o foi no século XIX.”

“Talvez os estudos mais esclarecedores sobre alguns de nossos problemas contemporâneos ainda se encontrem em certas obras dos grandes filósofos políticos da era liberal, como De Tocqueville ou Lorde Acton, e, para ir ainda mais longe no passado, Benjamin Constant, Edmund Burke e os ensaios reunidos em The Federalist de Madison, Hamilton e Jay - homens de gerações para as quais a liberdade ainda constituía um problema e um valor a ser defendido, enquanto a nossa geração, que a encara como algo que sempre continuará existindo, não sabe de onde vêm os perigos que a ameaçam nem tem a coragem de livrar-se das doutrinas que a ela se opõem.”


Trecho de: Hayek, F. A. “O Caminho da Servidão.” OrdemLivre.org, 2012-05-09T16:24:50+00:00. iBooks. 
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