quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Manifesto libertário - fragmentos -

MANIFESTO LIBERTÁRIO
 EXTRATOS E FRAGMENTOS


"Vemos claramente porque o estado precisa dos intelectuais; mas por que os intelectuais precisam do estado? Colocando de maneira simples, o sustento de um intelectual no livre mercado geralmente está longe de ser seguro; pois o intelectual, como todo o resto das pessoas no mercado, depende dos valores e das escolhas destas massas que, geralmente, não têm interesse nas preocupações intelectuais. O estado, por outro lado, está disposto a oferecer aos intelectuais um leito quente, seguro e permanente em seu aparato, um salário garantido, e a panóplia do prestígio."

“que, então, o governo pode fazer para ajudar os pobres? A única resposta correta é também a resposta libertária: sair do caminho. Deixem o governo sair do caminho das energias produtivas de todos os grupos da população, sejam eles ricos, da classe média ou pobres, e o resultado será um aumento enorme no bem-estar social e no padrão de vida de todos”

“A melhor maneira de ajudar os pobres é cortar os impostos e permitir que não haja empecilhos para as poupanças, o investimento e a criação de empregos”

“O estado vem sendo, tipicamente, um aparato que produz riqueza para poucos à custa de muitos. O mercado produziu riqueza para muitos com um pequeno custo para poucos. O estado não alterou sua maneira de ser desde a época dos romanos e do pão e circo para as massas, ainda que agora ele alegue fornecer educação”

“Cuidados médicos além de leite gratuito e artes performáticas. Ele ainda é a fonte de privilégio monopolístico e poder para os poucos que estão por trás de sua fachada do fornecimento de bem-estar para as massas — um bem-estar que seria mais abundante se os políticos não se apropriassem dos meios que utilizam para propiciar a ilusão de que de fato de preocupam com seus eleitores.134”

“O controle governamental da oferta de dinheiro é inerentemente inflacionário, portanto, pelo mesmo motivo que qualquer sistema no qual um grupo de pessoas obtém o controle sobre a impressão de dinheiro está fadado a ser inflacionário.”

“Foi o abandono do padrão ouro que pavimentou o caminho para o crescimento do poder do dinheiro americano e da inflação de preços durante e depois da Segunda Guerra Mundial.”

“maquinações secretas de uma economia de mercado industrializada. Os ricardianos perceberam que o principal dos males era a expansão econômica inflacionária precedente provocada pela intervenção governamental no sistema monetário e bancário, e que a recessão, por mais indesejáveis que fossem os seus sintomas, era na realidade um processo necessário de ajuste pelo qual a expansão intervencionista era eliminada do sistema econômico. A depressão é o processo através do qual a economia de mercado se ajusta, elimina os excessos e distorções da expansão econômica inflacionária, e restabelece uma condição econômica saudável. A depressão é uma reação desagradável, porém necessária, às distorções e excessos da expansão econômica que a antecederam.”

“o governo deve evitar particularmente qualquer uma das intervenções tão queridas aos corações keynesianos. Ele jamais deve tentar sustentar situações econômicas insalubres; ele jamais deve tentar salvar ou emprestar dinheiro para empresas que estejam correndo risco. Pois ao fazê-lo, ele estará simplesmente prolongando a agonia e transformando uma fase rápida e aguda de depressão numa doença crônica e permanente. O governo jamais deve tentar sustentar índices salariais ou preços, especialmente nas indústrias de bens de capital; ao fazê-lo, ele estará prolongando e adiando indefinidamente o término do processo de ajuste da depressão. Ele também estará provocando uma depressão indefinida e prolongada, além de um desemprego em massa, nas vitais indústrias de bens de capital”

“O governo não deve tentar expandir novamente a oferta monetária para sair da depressão, pois mesmo que esta reinflação seja bem-sucedida (o que não é nem de longe uma certeza), ela apenas trará maiores problemas e uma depressão mais prolongada e renovada no futuro. O governo não deve fazer nada para encorajar o consumo, e não deve aumentar seus próprios gastos, pois isto aumentará ainda mais a proporção entre consumo social e investimento — quando a única coisa que aceleraria o processo de ajuste seria diminuir esta proporção de forma que uma parte maior dos investimentos insalubres atuais passasse a ser validada e se tornasse econômica. A única maneira pela qual o governo pode ajudar neste processo é baixar o seu próprio orçamento, o que deverá aumentar a proporção de investimento relativo ao consumo na economia (já que os gastos do governo podem ser vistos como gastos com consumo de burocratas e políticos”

“Assim, o que o governo deve fazer, de acordo com a análise austríaca da depressão e dos ciclos econômicos, é absolutamente nada. Ele deve interromper sua própria inflação, e então manter uma política rígida de manter suas mãos fora do processo, de laissez-faire. Qualquer coisa que ele fizer deverá atrasar e obstruir os processos de ajuste do mercado; quanto menos ele fizer, mais rapidamente o processo de ajuste do mercado fará seu trabalho e garantirá uma recuperação econômica sadia.”

"Uma vez que o estado sempre deseja expandir a oferta monetária e interferir na economia, uma receita libertária deve enfatizar a importância de que o dinheiro e o sistema bancário estejam absolutamente separados do estado. Isto envolveria, no mínimo, a abolição do banco central e o retorno a um dinheiro-mercadoria (como, por exemplo, o ouro ou a prata), de forma que a unidade de dinheiro voltasse novamente a ser uma unidade de peso de uma mercadoria produzida pelo mercado, e não o nome de um pedaço de papel impresso pelo aparato falsificador do estado”

“Há uma resposta semelhante do governo para o problema sempre crescente da criminalidade na cidade de Nova York. Ao invés de fornecer proteção policial eficiente, a reação do governo é a de obrigar o cidadão a ficar longe de áreas propensas ao crime. Assim, quando o Central Park, em Manhattan, se tornou mal afamado por ser um local de assaltos e outros crimes no período noturno, a “solução” do governo da cidade para o problema foi impor um toque de recolher, banindo o uso do parque durante aquelas horas. Ou seja: se um inocente cidadão quiser ficar no Central Park à noite, é ele quem será preso por estar desobedecendo ao toque de recolher; é claro que é mais fácil prendê-lo do que acabar com a criminalidade no parque.

"Em resumo: enquanto o velho lema da iniciativa privada é que “o consumidor sempre tem razão”, a máxima implícita de qualquer atividade governamental é que o consumidor sempre é o culpado.”


“Parte da essência da escravidão é, afinal de contas, forçar alguém a trabalhar para outra pessoa em troca de pouco ou nenhum pagamento. Mas a própria existência do imposto de renda significa que suamos e conquistamos nossa renda, apenas para ver o governo retirar dela um grande pedaço, através da coerção, para seus próprios propósitos. O que é isso, senão trabalho forçado em troca de nenhum pagamento?”


“Discriminação”, no sentido de escolher favoravelmente ou desfavoravelmente de acordo com qualquer que seja o critério que a pessoa utilize, é parte integral da liberdade de escolha — logo, de uma sociedade livre. Mas, é claro, no livre mercado qualquer discriminação é custosa, e acabará sendo paga pelo dono da propriedade em questão.”

“Em qualquer caso, sempre que alguém praticar “discriminação” no livre mercado, ele irá sofrer as consequências — seja na forma de prejuízos, seja na forma da perda de serviços recebidos como consumidor. Se um consumidor decidir boicotar os bens vendidos por pessoas das quais ele não gosta — seja esse desgosto justificado ou não — , ele consequentemente irá ficar sem esses bens ou serviços que, de outra forma, teria comprado.”


“A vital tarefa de aperfeiçoar as praticamente intransitáveis estradas inglesas ficou a cargo de companhias privadas que, começando em 1706, organizaram e estabeleceram a grande rede de estradas que fez a Inglaterra ser motivo de inveja para o resto mundo”

“Deveríamos todos estar mais habituados com o uso crescente da arbitragem ou mediação privada, até mesmo em nossa sociedade atual. Os tribunais do governo se tornaram tão sobrecarregados, ineficientes e dispendiosos que cada vez mais as partes envolvidas estão recorrendo a mediadores privados como uma forma mais barata e menos demorada de resolver suas disputas. Nos últimos anos, a mediação privada tem se tornado uma profissão crescente e altamente bem-sucedida. Além do mais, por ser uma ocupação voluntária, as regras da mediação podem ser decididas rapidamente pelas próprias partes envolvidas, sem a necessidade de uma estrutura legal complexa e enfadonha que deve ser aplicada a todos os cidadãos”

“A resposta progressista para ambos os problemas, ou, na realidade, para todos, é, obviamente, a mesma: que o socialismo ou o planejamento estatal substituam o capitalismo de livre mercado. O grande economista Joseph Schumpeter resumiu toda esta performance de quinta categoria dos intelectuais progressistas há uma geração:
O capitalismo está sendo julgado por juízes que têm a sentença de morte em seus bolsos. Eles a aprovarão, não importando a defesa que ouvirem”

“O que precisamos é que o governo saia do caminho, remova o pesadelo dos impostos e dos gastos da economia, e permita que os recursos técnicos e produtivos voltem a ser novamente dedicados integralmente ao aumento do bem-estar da maior parte dos consumidores. Precisamos de crescimento, de padrões de vida mais elevados, e de uma tecnologia e um equipamento de capital e tecnológico que sacie as necessidades e demandas dos consumidores; só conseguiremos isto, no entanto, acabando com o pesadelo do estatismo e permitindo que as energias de toda a população possam ser expressas na economia de livre mercado”

“Se os direitos de propriedade fossem defendidos integralmente, tanto contra invasões privadas quanto governamentais, descobriríamos que aqui, como em outras áreas de nossa economia e sociedade, o empreendimento privado e a tecnologia moderna não são uma maldição para a humanidade, mas sim a sua salvação.”

“À medida que o escopo dos gastos governamentais — tanto militares quanto civis — vai sendo ampliado, a ciência e a indústria vão sendo desviados mais e mais para metas improdutivas e processos altamente ineficientes. A meta de satisfazer os consumidores da maneira mais eficiente possível foi substituída rapidamente pela bajulação a empresários que têm contratos com o governo, muitas vezes na forma dos contratos ao custo mais determinada margem (“cost-plus”), que provocam grandes desperdícios. A política, em todos os campos, substituiu a economia na função de guiar as atividades da indústria. Além do mais, à medida que indústrias e regiões inteiras do país passaram a depender dos contratos militares e governamentais, criou-se um enorme interesse manifesto na continuação destes programas, não importando se ainda há de fato a mais remota necessidade militar que os justifique. Nossa prosperidade econômica passou a depender da continuidade deste efeito narcótico fornecido pelos gastos improdutivos e contraproducentes governamentais.”

“uma vez que um movimento revolucionário assuma o poder de um estado, ele rapidamente começa a assumir os atributos de uma classe dominante, com um interesse de classe na manutenção do poder estatal.”

“A redução, ou melhor, a abolição dos impostos, é sempre uma redução não-contraditória do poder do estado, e um passo significativo rumo à liberdade; porém sua substituição por um novo imposto em qualquer outra circunstância tem justamente o efeito contrário, pois ele significa uma imposição nova e adicional do estado em algum outro setor. A imposição de um imposto novo ou mais alto contradiz frontalmente e mina a própria meta libertária.”

“a atividade governamental deve ser reduzida sempre que possível: qualquer oposição a um corte específico nos impostos ou nos gastos é inadmissível, pois ela contradiz os princípios e a meta libertária.”

“Não temos mais que profetizar os efeitos ruinosos do estatismo; eles estão aqui, próximos de todos nós. Lorde Keynes certa vez desprezou as críticas feitas pelos economistas do livre mercado de que suas políticas inflacionárias levariam à ruína no longo prazo; em sua célebre resposta, ele riu, afirmando que “no longo prazo todos estaremos mortos”. Porém agora Keynes está morto e estamos vivos, vivendo no seu longo prazo, e sofrendo as consequências do seu estatismo.”

“Mas a Revolução Industrial foi um grande salto na história, porque criou condições e expectativas irreversíveis. Pela primeira vez na história do mundo criou-se uma sociedade em que o padrão de vida das massas passou do nível de subsistência para um nível nunca antes atingido. A população do Ocidente, até então estagnada, passou a proliferar, aproveitando-se da vantagem oferecida pelas oportunidades cada vez maiores de emprego e uma boa condição de vida.”

“O tempo não pode voltar para uma era pré-industrial. Não só as massas não permitiriam uma reversão tão drástica de suas expectativas de um aumento nos seus padrões de vida, mas o retorno a um mundo agrário significaria a fome e a morte da maior parte da população atual. Estamos presos na era industrial, gostemos disso ou não.”
“a) que toda intervenção estatista distorce e enfraquece o mercado e acaba levando, se não for revertida, ao socialismo; e (b) que o socialismo é um desastre porque ele não consegue planificar uma economia industrial devido à falta de incentivos de lucros e perdas, e pela falta de um sistema genuíno de preços ou direitos de propriedade sobre capitais, terras e outros meios de produção. Em suma, como Mises previu, nem o socialismo nem as diversas formas intermediárias de estatismo e intervencionismo funcionam. Logo, tendo em vista este compromisso generalizado com uma economia industrial, estas formas de estatismo têm que ser descartadas, e substituídas pela liberdade e pelos livres mercados.”


“Não temos mais que profetizar os efeitos ruinosos do estatismo; eles estão aqui, próximos de todos nós. Lorde Keynes certa vez desprezou as críticas feitas pelos economistas do livre mercado de que suas políticas inflacionárias levariam à ruína no longo prazo; em sua célebre resposta, ele riu, afirmando que “no longo prazo todos estaremos mortos”. Porém agora Keynes está morto e estamos vivos, vivendo no seu longo prazo, e sofrendo as consequências do seu estatismo.”

Trecho de: Murray N. Rothbard. “O Manifesto Libertário.” iBooks. 
Este material pode estar protegido por copyright.