sábado, 13 de setembro de 2014

REVOLUÇÃO E CONTRA REVOLUÇÃO TRECHOS E FRAGMENTOS

                                           

                                                                -  Trechos e Fragmentos  - 


“O orgulho leva ao ódio a toda superioridade, e, pois, à afirmação de que a desigualdade é em si mesma, em todos os planos, inclusive e principalmente nos planos metafísico e religioso, um mal. É o aspecto igualitário da Revolução.

A sensualidade, de si, tende a derrubar todas as barreiras. Ela não aceita freios e leva à revolta contra toda autoridade e toda lei, seja divina ou humana, eclesiástica ou civil. É o aspecto liberal da Revolução.

Ambos os aspectos, que têm em última análise um caráter metafísico, parecem contraditórios em muitas ocasiões, mas se conciliam na utopia marxista de um paraíso anárquico em que uma humanidade altamente evoluída e “emancipada” de qualquer religião vivesse em ordem profunda sem autoridade política, e em uma liberdade total da qual entretanto não decorresse qualquer desigualdade.”


“A Cristandade ocidental constituiu um só todo, que transcendia os vários países cristãos, sem os absorver. Nessa unidade viva se operou uma crise que acabou por atingi-la toda inteira, pelo calor somado e, mais do que isto, fundido, das sempre mais numerosas crises locais que há séculos se vêm interpenetrando e entreajudando ininterruptamente. Em conseqüência, a Cristandade, enquanto família de Estados oficialmente católicos, de há muito cessou de existir. Dela restam como vestígios os povos ocidentais e cristãos. E todos se encontram presentemente em agonia, sob a ação deste mesmo mal.”

Característica da crise ;

Una

Universal 

“É TOTAL
Considerada em um dado país, essa crise se desenvolve numa zona de problemas tão profunda, que ela se prolonga ou se desdobra, pela própria ordem das coisas, em todas as potências da alma, em todos os campos da cultura, em todos os domínios, enfim, da ação do homem.

4. É DOMINANTE
Encarados superficialmente, os acontecimentos dos nossos dias parecem um emaranhado caótico e inextricável, e de fato o são de muitos pontos de vista.

Entretanto, podem-se discernir resultantes, profundamente coerentes e vigorosas, da conjunção de tantas forças desvairadas, desde que estas sejam consideradas do ângulo da grande crise de que tratamos.

Com efeito, ao impulso dessas forças em delírio, as nações ocidentais vão sendo gradualmente impelidas para um estado de coisas que se vai delineando igual em todas elas, e diametralmente oposto à civilização cristã.”


“5. É PROCESSIVA
Essa crise não é um fato espetacular e isolado. Ela constitui, pelo contrário, um processo crítico já cinco vezes secular, um longo sistema de causas e efeitos que, tendo nascido, em momento dado, com grande intensidade, nas zonas mais profundas da alma e da cultura do homem ocidental, vem produzindo, desde o século XV até nossos dias, sucessivas convulsões”




“Pelo contrário, a ditadura revolucionária visa eternizar-se, viola os direitos autênticos, e penetra em todas as esferas da sociedade para as aniquilar, desarticulando a vida de família, prejudicando as elites genuínas, subvertendo a hierarquia social, alimentando de utopias e de aspirações desordenadas a multidão, extinguindo a vida real dos grupos sociais e sujeitando tudo ao Estado: em uma palavra, favorecendo a obra da Revolução”

“Como se depreende da análise feita no capítulo anterior, o processo revolucionário é o desenvolvimento, por etapas, de certas tendências desregradas do homem ocidental e cristão, e dos erros delas nascidos.

Em cada etapa, essas tendências e erros têm um aspecto próprio. A Revolução vai, pois, se metamorfoseando ao longo da História.”

“A Revolução usa, pois, suas metamorfoses não só para avançar, como também para operar os recuos táticos que tão freqüentemente lhe têm sido necessários.

Por vezes, movimento sempre vivo, ela tem simulado estar morta. E é esta uma de suas metamorfoses mais interessantes. Na aparência, a situação de um determinado país se apresenta como inteiramente tranqüila. A reação contra-revolucionária se distende e adormece. Mas, nas profundidades da vida religiosa, cultural, social, ou econômica, a fermentação revolucionária vai sempre ganhando terreno. E, ao cabo desse aparente interstício, explode uma convulsão inesperada, freqüentemente maior que as anteriores.”


“Capítulo V - As Três Profundidades da Revolução: Nas tendências, nas idéias, nos fatos”

“Como vimos, essa Revolução é um processo feito de etapas, e tem sua origem última em determinadas tendências desordenadas que lhe servem de alma e de força propulsora mais íntima10.

Assim, podemos também distinguir na Revolução três profundidades, que cronologicamente até certo ponto se interpenetram.

A primeira, isto é, a mais profunda, consiste em uma crise nas tendências. Essas tendências desordenadas, que por sua própria natureza lutam por realizar-se, já não se conformando com toda uma ordem de coisas que lhes é contrária, começam por modificar as mentalidades, os modos de ser, as expressões artísticas e os costumes, sem desde logo tocar de modo direto - habitualmente, pelo menos - nas idéias.”


“A REVOLUÇÃO NAS IDÉIAS”


“Assim, inspiradas pelo desregramento das tendências profundas, doutrinas novas eclodem. Elas procuram por vezes, de início, um modus vivendi com as antigas, e se exprimem de maneira a manter com estas um simulacro de harmonia que habitualmente não tarda em se romper em luta declarada.

3. A REVOLUÇÃO NOS FATOS
Essa transformação das idéias estende-se, por sua vez, ao terreno dos fatos, onde passa a operar, por meios cruentos ou incruentos, a transformação das instituições, das leis e dos costumes, tanto na esfera religiosa quanto na sociedade temporal. É uma terceira crise, já toda ela na ordem dos fatos”

“Considerando a existência de períodos de uma calmaria acentuada, dir-se-ia que neles a Revolução cessou. E assim parece que o processo revolucionário é descontínuo, e portanto não é uno.

Ora, essas calmarias são meras metamorfoses da Revolução. Os períodos de tranqüilidade aparente, supostos interstícios, têm sido em geral de fermentação revolucionária surda e profunda”

“AS VELOCIDADES HARMÔNICA DA REVOLUÇÃO

Esse processo revolucionário se dá em duas velocidades diversas. Uma, rápida, é destinada geralmente ao fracasso no plano imediato. A outra tem sido habitualmente coroada de êxito, e é muito mais lenta.”
“C. Como se harmonizam essas velocidades
Cumpre estudar o papel de cada uma dessas velocidades na marcha da Revolução. Dir-se-ia que os movimentos mais velozes são inúteis. Porém, não é verdade. A explosão desses extremismos levanta um estandarte, cria um ponto de mira fixo que fascina pelo seu próprio radicalismo os moderados, e para o qual estes se vão lentamente encaminhando. Assim, o socialismo repudia o comunismo mas o admira em silêncio e tende para ele”

“As forças propulsoras da Revolução têm sido manipuladas até aqui por agentes sagacíssimos, que delas se têm servido como meios para realizar o processo revolucionário.

De modo geral, podem qualificar-se agentes da Revolução todas as seitas, de qualquer natureza, engendradas por ela, desde seu nascedouro até nossos dias, para a difusão do pensamento ou a articulação das tramas revolucionárias”

“Nesse sentido os agentes do caos e da subversão fazem como o cientista, que em vez de agir por si só, estuda e põe em ação as forças, mil vezes mais poderosas, da natureza.

É o que, além de explicar em grande parte o êxito da Revolução, constitui importante indicação para os soldados da Contra-Revolução.”

“Revolução cruenta e incruenta

Nesse sentido, a rigor, uma Revolução pode ser incruenta. Esta de que nos ocupamos se desenvolveu e continua a se desenvolver por toda sorte de meios, alguns dos quais cruentos, e outros não. As duas guerras mundiais deste século, por exemplo, consideradas em suas conseqüências mais profundas, são capítulos dela, e dos mais sanguinolentos. Ao passo que a legislação cada vez mais socialista de todos ou quase todos os povos hodiernos constitui um progresso importantíssimo e incruento da Revolução.”

“A amplitude desta Revolução

A Revolução tem derrubado muitas vezes autoridades legítimas, substituindo-as por outras sem qualquer título de legitimidade. Mas haveria engano em pensar que ela consiste apenas nisto. Seu objetivo principal não é a destruição destes ou daqueles direitos de pessoas ou famílias. Mais do que isto, ela quer destruir toda uma ordem de coisas legítima, e substituí-la por uma situação ilegítima. E “ordem de coisas” ainda não diz tudo. É uma visão do universo e um modo de ser do homem, que a Revolução pretende abolir, com o intuito de substituí-los por outros radicalmente contrários.”





“A Revolução por excelência
Neste sentido se compreende que esta Revolução não é apenas uma revolução, mas é a Revolução.

E. A destruição da ordem por excelência”

“Sem dúvida, a presente Revolução teve precursores, e também prefiguras. Ario, Maomé, foram prefiguras de Lutero, por exemplo. Houve também utopistas em diferentes épocas, que conceberam, em sonhos, dias muito parecidos com os da Revolução. Houve por fim, em diversas ocasiões, povos ou grupos humanos que tentaram realizar um estado de coisas análogo às quimeras da Revolução.

Mas todos estes sonhos, todas essas prefiguras pouco ou nada são em confronto da Revolução em cujo processo vivemos. Esta, por seu radicalismo, por sua universalidade, por sua pujança, foi tão fundo e está chegando tão longe, que constitui algo de ímpar na História, e faz perguntar a muitos espíritos ponderados se realmente não chegamos aos tempos do Anticristo”


“A REVOLUÇÃO, O ORGULHO E A SENSUALIDADE - OS VALORES METAFÍSICOS DA REVOLUÇÃO”

“Duas noções concebidas como valores metafísicos exprimem bem o espírito da Revolução: a igualdade absoluta, liberdade completa. E duas são as paixões que mais a servem: o orgulho e a sensualidade.”

“Orgulho e Igualitarismo

A pessoa orgulhosa, sujeita à autoridade de outra, odeia primeiramente o jugo que em concreto pesa sobre ela.

Num segundo grau, o orgulhoso odeia genericamente todas as autoridades e todos os jugos, e mais ainda o próprio princípio de autoridade, considerado em abstrato.

E porque odeia toda autoridade, odeia também toda superioridade, de qualquer ordem que seja.

E nisto tudo há um verdadeiro ódio a Deus 27”

“Este ódio a qualquer desigualdade tem ido tão longe que, movidas por ele, pessoas colocadas em alta situação a têm posto em grave risco e até perdido, só para não aceitar a superioridade de quem está mais alto.

Mais ainda. Num auge de virulência o orgulho poderia levar alguém a lutar pela anarquia, e a recusar o poder supremo que lhe fosse oferecido. Isto porque a simples existência desse poder traz implícita a afirmação do princípio de autoridade, a que todo o homem enquanto tal - e o orgulhoso também - poder ser sujeito.

O orgulho pode conduzir, assim, ao igualitarismo mais radical e completo”

 “Igualdade econômica: nada pertence a ninguém, tudo pertence à coletividade. Supressão da propriedade privada, do direito de cada qual ao fruto integral de seu próprio trabalho e à escolha de sua profissão.

* Igualdade nos aspectos exteriores da existência: a variedade redunda facilmente em desigualdade de nível. Por isso, diminuição quanto possível da variedade nos trajes, nas residências, nos móveis, nos hábitos etc.

*. Igualdade de almas: a propaganda como que padroniza todos as almas, tirando-lhes as peculiaridades, e quase a vida própria. Até as diferenças de psicologia e atitude entre sexos tendem a minguar o mais possível. Por tudo isto, desaparece o povo que é essencialmente uma grande família de almas diversas mas harmônicas, reunidas em torno do que lhes é comum. E surge a massa, com sua grande alma vazia, coletiva, escrava 29.

*Igualdade em todo o trato social: como entre mais velhos e mais moços, patrões e empregados, professores e alunos, esposo e esposa, pais e filhos, etc.”

“Igualdade na ordem internacional: o Estado é constituído por um povo independente exercendo domínio pleno sobre um território. A soberania é, assim, no Direito Público, a imagem da propriedade. Admitida a idéia de povo, com características que o diferenciam dos outros, e a de soberania, estamos forçosamente em presença de desigualdades: de capacidade, de virtude, de número etc. Admitida a idéia de território, temos a desigualdade quantitativa e qualitativa dos vários espaços territoriais. Compreende-se, pois, que a Revolução, fundamentalmente igualitária, sonhe em fundir todas as raças, todos os povos e todos os Estados em uma só raça, um só povo e um só Estado 30.

* Igualdade entre as diversas partes do país: pelas mesmas razões, e por um mecanismo análogo, a Revolução tende a abolir no interior das pátrias ora existentes todo o sadio regionalismo político, cultural, etc.

 Igualitarismo e ódio a Deus: Santo Tomás ensina 31 que a diversidade das criaturas e seu escalonamento hierárquico são um bem em si, pois assim melhor resplandecem na criação as perfeições do Criador. E diz que tanto entre os Anjos 32 quanto entre os homens, no Paraíso Terrestre como nesta terra de exílio 33, a Providência instituiu a[…]”

“as desigualdades provenientes de acidentes como a virtude, o talento, a beleza, a força, a família, a tradição, etc., são justas e conformes à ordem do universo”

“Ora, essa liberdade para o mal é precisamente a liberdade para o homem enquanto “revolucionário” em seu interior, isto é, enquanto consente na tirania das paixões sobre sua inteligência e sua vontade.”

“liberdade engendrará a desigualdade, a Revolução, por ódio a esta, deliberou sacrificar aquela. Daí nasceu sua fase socialista. Esta fase não constitui senão uma etapa. A Revolução  espera, em seu termo final, realizar um estado de coisas em que a completa liberdade coexista com a plena igualdade.”


“Assim, historicamente, o movimento socialista é um mero requinte do movimento liberal. O que leva um liberal autêntico a aceitar o socialismo é precisamente que, neste, se proíbem tiranicamente mil coisas boas, ou pelo menos inocentes, mas se favorece a satisfação metódica, e por vezes com aspectos de austeridade, das piores e mais violentas paixões, como a inveja, a preguiça, a luxúria. E de outro lado, o liberal entrevê que a ampliação da autoridade no regime socialista não passa, dentro da lógica do sistema, de meio para chegar à tão almejada anarquia final.”

“Os entrechoques de certos liberais ingênuos ou retardados, com os socialistas, são, pois, meros episódios superficiais no processo revolucionário, inócuos qui pro quo que não perturbam a lógica profunda da Revolução, nem sua marcha inexorável num sentido que, bem vistas as coisas, é ao mesmo tempo socialista e liberal.”


“Com efeito, a utopia anárquica do marxismo consiste em um estado de coisas em que a personalidade humana teria alcançado um alto grau de progresso, de tal maneira que lhe seria possível desenvolver-se livremente numa sociedade sem Estado nem governo.”


“Afirmamos, isto sim, que, historicamente, esta Revolução teve sua primeira origem em uma violentíssima fermentação de paixões. E estamos longe de negar o grande papel dos erros doutrinários nesse processo.”

“Quando esse ódio começou a dirigir as tendências mais profundas da História do Ocidente, teve início a Revolução cujo processo hoje se desenrola e em cujos erros doutrinários ele imprimiu vigorosamente sua marca. Ele é a causa mais ativa da grande apostasia hodierna. Por sua natureza, é ele algo que não pode ser reduzido simplesmente a um sistema doutrinário: é a paixão desregrada, em altíssimo grau de exacerbação”

“Afirmamos tão somente que o processo revolucionário, considerado em seu conjunto, e também em seus principais episódios, teve por germe mais ativo e profundo o desregramento das paixões.”

“Pelo contrário, à medida que o homem decai na virtude e se entrega ao jugo dessas paixões, vai minguando nele a objetividade em tudo quanto com as mesmas se relacione. De modo particular, essa objetividade fica perturbada quanto aos julgamentos que o homem formule sobre si mesmo”

“Por isto, em concreto, é necessário reconhecer que a democratização geral dos costumes e dos estilos de vida, levado aos extremos de uma vulgaridade sistemática e crescente, e a ação proletarizante de certa arte moderna, contribuíram para o triunfo do igualitarismo tanto ou mais do que a implantação de certas leis, ou de certas instituições essencialmente políticas.”


“Como também é preciso reconhecer que quem, por exemplo, conseguisse fazer cessar o cinema ou a televisão imorais ou agnósticos teria feito pela Contra-Revolução muito mais do que se provocasse a queda de um gabinete esquerdista, na rotina de um regime parlamentar”

“Capítulo XI - A Revolução, o pecado e a Redenção - A utopia revolucionária
Dentre os múltiplos aspectos da Revolução, é importante ressaltar que ela induz seus filhos a subestimarem ou negarem as noções de bem e mal, de pecado original e de Redenção.”

“Mas a Revolução não recuou. Em vez de reconhecer seu erro, ela o substituiu por outro. Foi a conceição imaculada das massas e do Estado. Os indivíduos são propensos ao egoísmo e podem errar. Mas as massas acertam sempre, e jamais se deixam levar pelas paixões. Seu impecável meio de ação é o Estado. Seu infalível meio de expressão, o sufrágio universal, do qual decorrem os parlamentos impregnados de pensamento socialista, ou a vontade forte de um ditador carismático, que guia sempre as massas para a realização da vontade delas”


“3. A REDENÇÃO PELA CIÊNCIA E PELA TÉCNICA: A UTOPIA REVOLUCIONÁRIA
De qualquer maneira, depositando toda a sua confiança no indivíduo considerado isoladamente, nas massas, ou no Estado, é no homem que a Revolução confia. Auto-suficiente pela ciência e pela técnica, pode ele resolver todos os seus problemas, eliminar a dor, a pobreza, a ignorância, a insegurança, enfim tudo aquilo a que chamamos efeito do pecado original ou atual.

Um mundo em cujo seio as pátrias unificadas numa República Universal não sejam senão denominações geográficas, um mundo sem desigualdades sociais nem econômicas, dirigido pela ciência e pela técnica, pela propaganda e pela psicologia, para realizar, sem o sobrenatural, a felicidade definitiva do homem: eis a utopia para a qual a Revolução nos vai encaminhando.”

“O exposto no capítulo anterior nos faz compreender facilmente o caráter pacifista, e portanto antimilitarista da Revolução”

“Daí uma incompatibilidade fundamental entre a Revolução e as forças armadas, que deverão ser inteiramente abolidas. Na República Universal haverá apenas uma polícia, enquanto os progressos da ciência e da técnica não acabarem de eliminar o crime.”


“INCOMPATIBILIDADE DOUTRINÁRIA ENTRE A REVOLUÇÃO E A FARDA
A farda, por sua simples presença, afirma implicitamente algumas verdades, um tanto genéricas, sem dúvida, mas de índole certamente contra-revolucionária:

- A existência de valores que são mais que a vida e pelos quais se deve morrer - o que é contrário à mentalidade socialista, toda feita de horror ao risco e à dor, de adoração da segurança, e do supremo apego à vida terrena.

A existência de uma moral, pois a condição militar é toda ela fundada sobre idéias de honra, de força posta ao serviço do bem e voltada contra o mal, etc.”





“O “TEMPERAMENTO” DA REVOLUÇÃO É INFENSO À VIDA MILITAR

Por fim, entre a Revolução e o espírito militar há uma antipatia “temperamental”. A Revolução, enquanto não tem todas as rédeas na mão, é verbosa, enredadeira, declamatória. Resolver as coisas diretamente, drasticamente, secamente more militari, desagrada o que poderíamos chamar o atual temperamento da Revolução. “Atual”, frisamos, para aludir a esta no estágio em que se encontra entre nós. Pois nada há de mais despótico e cruel do que a Revolução quando é onipotente: a Rússia dá disto um eloqüente exemplo. Mas ainda aí a divergência subsiste, posto que o espírito militar é coisa bem diferente de espírito de carrasco.”

“Parte II – A CONTRA-REVOLUÇÃO

Capítulo I - Contra-Revolução é Reação

I. A CONTRA-REVOLUÇÃO, LUTA ESPECÍFICA E DIRETA CONTRA A REVOLUÇÃO
Se tal é a Revolução, a Contra-Revolução é, no sentido literal da palavra, despido das conexões ilegítimas e mais ou menos demagógicas que a ela se juntaram na linguagem corrente, uma “re-ação”. Isto é, uma ação que é dirigida contra outra ação. Ela está para a Revolução como, por exemplo, a Contra-Reforma está para a Pseudo-Reforma.”

“NOBREZA DESSA REAÇÃO

E deste caráter de reação vem à Contra-Revolução sua nobreza e sua importância. Com efeito, se é a Revolução que nos vai matando, nada é mais indispensável do que uma reação que vise esmagá-la. Ser infenso, em princípio, a uma reação contra-revolucionária é o mesmo que querer entregar o mundo ao domínio da Revolução.”

“Importa acrescentar que a Contra-Revolução, assim vista, não é nem pode ser um movimento nas nuvens, que combata fantasmas. Ela tem de ser a Contra-Revolução do século XX, feita contra a Revolução como hoje em concreto esta existe e, pois, contra as paixões revolucionárias como hoje crepitam, contra as idéias revolucionárias como hoje se formulam, os ambientes revolucionários como hoje se apresentam, a arte e a cultura revolucionárias como hoje são, as correntes e os homens que, em qualquer nível, são atualmente os fautores mais ativos da Revolução. A Contra-Revolução não é, pois, um mero retrospecto dos malefícios da Revolução no passado, mas um esforço para lhe cortar o caminho no presente.”


“Um espírito de hierarquia, marcando todos os aspectos da sociedade e do Estado, da cultura e da vida, por oposição à metafísica igualitária da Revolução.

Uma diligência no detectar e no combater o mal em suas formas embrionárias ou veladas, em fulminá-lo com execração e nota de infâmia, e em puni-lo com inquebrantável firmeza em todas as suas manifestações, e particularmente nas que atentarem contra a ortodoxia e a pureza dos costumes, tudo por oposição à metafísica liberal da Revolução e à tendência desta a dar livre curso e proteção ao mal.”

“A Contra-Revolução é progressista?  Sim, se o progresso for autêntico. E não, se for a marcha para a realização da utopia revolucionária.”

“Assim, a Contra-Revolução é condição essencial para que seja preservado o desenvolvimento normal do verdadeiro progresso, e derrotada a utopia revolucionaria, que de progresso só tem aparências falaciosas.”


“Capítulo IV - O que é um contra-revolucionário?
Pode-se responder à pergunta em epígrafe de duas maneiras:

1. EM ESTADO ATUAL
Em estado atual, contra-revolucionário é quem:

- Conhece a Revolução, a ordem e a Contra-Revolução em seu espírito, suas doutrinas, seus métodos respectivos.

- Ama a Contra-Revolução e a ordem cristã, odeia a Revolução e a “anti-ordem”.

Faz desse amor e desse ódio o eixo em torno do qual gravitam todos os seus ideais, preferências e atividades.”

“Uma ação contra-revolucionária deve ter em vista, antes de tudo, detectar esses elementos, fazer com que se conheçam, com que se apoiem uns aos outros para a profissão pública de suas convicções. Ela pode realizar-se de dois modos diversos:”


“A. Ação individual
Esta ação deve ser feita antes de tudo na escala individual. Nada mais eficiente que a tomada de posição contra-revolucionária franca e ufana de um jovem universitário, de um oficial, de um professor, de um Sacerdote sobretudo, de um aristocrata ou um operário influente em seu meio. A primeira reação que obterá será por vezes de indignação. Mas se perseverar por um tempo que será mais longo, ou menos, conforme as circunstâncias, verá, pouco a pouco, aparecerem companheiros.

B. Ação em conjunto
Esses contactos individuais tendem, naturalmente, a suscitar nos diversos ambientes vários contra-revolucionários que se unem numa família de almas cujas forças se multiplicam pelo próprio fato da união.”


“O meio mais eficiente de refutá-la junto aos revolucionários consiste em mostrá-la inteira, quer em seu espírito e nas grandes linhas de sua ação, quer em cada uma de suas manifestações ou manobras aparentemente inocentes e insignificantes. Arrancar-lhe, assim, os véus é desferir-lhe o mais duro dos golpes.

Por esta razão, o esforço contra-revolucionário deve entregar-se a esta tarefa com o maior empenho.

Secundariamente, é claro, os outros recursos de uma boa dialética são indispensáveis para o êxito de uma ação contra-revolucionária”

“O revolucionário, em via de regra, é petulante, verboso e afeito à exibição, quando não tem adversários diante de si, ou os tem fracos. Contudo, se encontra quem o enfrente com ufania e arrojo, ele se cala e organiza a campanha de silêncio. Um silêncio em meio ao qual se percebe o discreto zumbir da calúnia, ou algum murmúrio contra o “excesso de lógica” do adversário, sim. Mas um silêncio confuso e envergonhado que jamais é entrecortado por alguma réplica de valor. Diante desse silêncio de confusão e derrota, poderíamos dizer ao contra-revolucionário vitorioso as palavras espirituosas escritas por Veuillot em outra ocasião: “Interrogai o silêncio, e ele nada vos responderá ”

“ELITES E MASSAS NA TÁTICA CONTRA-REVOLUCIONÁRIA

A Contra-Revolução deve procurar, quanto possível, conquistar as multidões. Entretanto, não deve fazer disso, no plano imediato, seu objetivo principal, e um contra-revolucionário não tem razão para desanimar pelo fato de que a grande maioria dos homens não está atualmente de seu lado. Um estudo exato da História nos mostra, com efeito, que não foram as massas que fizeram a Revolução. Elas se moveram num sentido revolucionário porque tiveram atrás de si elites revolucionárias. Se tivessem tido atrás de si elites de orientação oposta, provavelmente se teriam movido num sentido contrário. O fator massa, segundo mostra a visão objetiva da História, é secundário; o principal é a formação das elites. Ora, para essa formação, o contra-revolucionário pode estar sempre aparelhado com os recursos de sua ação individual, e pode pois obter bons frutos, apesar da carência de meios materiais e técnicos com que, às vezes, tenha que lutar.”

“propaganda racional, eficiente e brilhante. O verdadeiro contra-revolucionário deve tender sempre à utilização de tais meios, vencendo o estado de espírito derrotista de alguns de seus companheiros que, de antemão, abandonam a esperança de dispor deles porque os vêm sempre na posse dos filhos das trevas.

Entretanto, devemos reconhecer que, in concreto, a ação contra-revolucionária terá de se realizar muitas vezes sem esses recursos.”

“UTILIZAR TAMBÉM OS MEIOS MODESTOS: SUA EFICÁCIA

Ainda assim, e com meios dos mais modestos, poderá ela alcançar resultados muito apreciáveis, se tais meios forem utilizados com retidão de espírito e inteligência. Como vimos, é concebível uma ação contra-revolucionária reduzida à mera atuação individual. Mas não se pode concebê-la sem esta última. A qual, por sua vez, desde que bem feita, abre as portas para todos os progressos.

Os pequenos jornais de inspiração contra-revolucionária, quando de bom nível, têm uma eficácia surpreendente, principalmente para a tarefa primordial de fazer com que os contra-revolucionários se conheçam.

Tão ou mais eficientes podem ser o livro, a tribuna e a cátedra, a serviço da Contra-Revolução.”


“Contra-Revolução, sem ser apenas negação, tem em sua essência alguma coisa de fundamental e sadiamente negativista. Constitui ela, como dissemos, um movimento dirigido contra outro movimento, e não se compreende que, numa luta, um adversário não tenha os olhos postos sobre o outro e não esteja com ele numa atitude de polêmica, de ataque e contra-ataque.”


“Para fazer trabalho profundo, eficiente, e inteiramente objetivo, é, pois, necessário acompanhar passo a passo o desenrolar da marcha da Revolução, num penoso esforço de explicitação das coisas implícitas no processo revolucionário. Só assim é possível atacar a Revolução como de fato deve ela ser atacada. Tudo isto tem obrigado os contra-revolucionários a ter constantemente os olhos postos na Revolução, pensando, e afirmando as suas teses, em função dos erros dela”


“O esforço contra-revolucionário não deve ser livresco, isto é, não pode contentar-se com uma dialética com a Revolução no plano puramente cientifico e universitário. Reconhecendo a esse plano toda a sua grande e até muito grande importância, o ponto de mira habitual da Contra-Revolução deve ser a Revolução tal qual ela é pensada, sentida e vivida pela opinião pública em seu conjunto. E neste sentido os contra-revolucionários devem atribuir uma importância muito particular à refutação dos “slogans” revolucionários.”

“A idéia de apresentar a Contra-Revolução sob uma luz mais “simpática” e “positiva” fazendo com que ela não ataque a Revolução, é o que pode haver de mais tristemente eficiente para empobrecê-la de conteúdo e de dinamismo"


“O contra-revolucionário deve, pois, aproveitar zelosamente o tremendo espetáculo de nossas trevas para - sem demagogia, sem exagero, mas também sem fraqueza - fazer compreender aos filhos da Revolução a linguagem dos fatos, e assim produzir neles o “flash” salvador. Apontar varonilmente os perigos de nossa situação é traço essencial de uma ação autenticamente contra-revolucionária.”

“Convém recordá-lo para acentuar que a Contra-Revolução não é a defensora apenas da propriedade patronal, mas da de ambas as classes. Ela não luta por interesses de grupos ou categoria sociais, mas por princípios.”

“Daí nasce uma mentalidade que, professando-se anticomunista, entretanto a si mesma se intitula, freqüentemente, socialista. Esta mentalidade, cada vez mais poderosa no Ocidente, constitui um perigo muito maior do que a doutrinação propriamente marxista. Ela nos conduz lentamente por um declive de concessões que poderão chegar até o ponto extremo de transformar em repúblicas comunistas as nações de aquém cortina de ferro. Tais concessões, que deixam ver uma tendência ao igualitarismo econômico e ao dirigismo, se vão notando em todos os campos. A iniciativa privada vai sendo sempre mais cerceada. Os impostos de transmissão causa mortis são tão onerosos que em certos casos o Fisco é o maior herdeiro. As interferências oficiais em matéria de câmbio, exportação e importação colocam na dependência do Estado todos os interesses industriais, comerciais e bancários”


“Nos salários, nos aluguéis, nos preços, em tudo o Estado intervém. Ele tem industrias, bancos, universidades, jornais, rádio-emissoras, canais de televisão, etc. E ao mesmo passo que o dirigismo igualitário vai assim transformando a economia, a imoralidade e o liberalismo vão dissolvendo a família e preparando o chamado amor livre.”


“De outro lado, estão nas mãos dos líderes da III Revolução os cordéis que movimentam, em todo o mundo não-comunista, os partidos declaradamente comunistas e a imensa rede de criptocomunistas, para-comunistas, inocentes-úteis, infiltrados não só nos partidos não declaradamente comunistas - socialistas e outros - como ainda nas igrejas72, nas organizações profissionais e culturais, nos bancos, na imprensa, na televisão, no rádio, no cinema, etc.

E, como se tudo isto não bastasse, a III Revolução maneja com terrível eficácia as táticas de conquista psicológica de que adiante falaremos. Por meio destas, o comunismo vem conseguindo reduzir a um torpor displicente e abobado imensas parcelas não-comunistas da opinião pública ocidental. Tais táticas permitem à III Revolução esperar, neste terreno, sucessos ainda mais marcantes, e desconcertantes para os observadores que analisam os fatos de fora dela.

A inércia, quando não a ostensiva e substanciosa colaboração de tantos governos “democráticos” e sorrateiras forças econômicas particulares do Ocidente, com o comunismo assim poderoso, compõe um terrível quadro de conjunto diante do qual vive o mundo de hoje"

"...“sobre o mar de miséria, de indolência e de inação, em face do qual a infeliz população russa, sujeita até há pouco ao capitalismo de Estado integral, vai se havendo, até o momento, com uma passividade desconcertante. Passividade esta propícia à generalização do marasmo, do caos, e quiçá à formação de uma crise conflitual interna suscetível, por sua vez, de degenerar em uma guerra civil... ou mundial .”


“Nessa hipótese, a luta entre o Primeiro Mundo e o Terceiro passará a servir de camuflagem mediante a qual o marxismo, envergonhado de seu catastrófico fracasso sócio-econômico e metamorfoseado, trataria de obter, com renovadas possibilidades de êxito, a vitória final? Vitória essa que, até o momento, escapou das mãos de Gorbachev, o qual, embora certamente não seja o doutor, é pelo menos uma mescla de bardo e de prestidigitador da perestroika...

Da perestroika, sim, da qual não é possível duvidar que seja um requinte do comunismo, pois o confessa seu próprio autor no ensaio propagandístico “Perestroika – Novas idéias para o meu país e o mundo” (Ed. Best Seller, São Paulo, 1987, p. 35): “A finalidade desta reforma é garantir .... a transição de um sistema de direção excessivamente centralizado e dependente de ordens superiores para um sistema democrático baseado na combinação de centralismo democrático e autogestão”. Autogestão esta que, de mais a mais, era “o objetivo supremo do Estado soviético”, segundo estabelecia a própria Constituição da ex-URSS em seu Preâmbulo.”


“Tempo houve em que a doutrinação explícita e categórica foi, para o comunismo internacional, o principal meio de recrutamento de adeptos.

Em largos setores da opinião pública e em quase todo o Ocidente, por motivos que seria longo enumerar, as condições se tornaram hoje, em muito ponderável medida, infensas a tal doutrinação. Decresceu visivelmente o poder persuasivo da dialética e da propaganda comunista doutrinária integral e ostensiva.

Assim se explica que, em nossos dias, a propaganda comunista procure cada vez mais fazer-se de modo camuflado, suave e lento. Tal camuflagem se faz ora difundindo os princípios marxistas, esparsos e velados, na literatura socialista, ora insinuando na própria cultura que chamaríamos “centrista” princípios que, à maneira de germens, se multiplicam levando os centristas à inadvertida e gradual aceitação de toda a doutrina comunista.”

“Quando do degelo pós-stalianiano com o Ocidente, a III Revolução afivelou uma sorridente máscara, de polêmica se tornou dialogante, simulou estar mudando de mentalidade e de atitude, e se abriu para toda espécie de colaborações com os adversários que antes tentava esmagar pela violência.

Na esfera internacional, a Revolução passou assim, sucessivamente, da guerra fria para a coexistência pacífica, depois para a “queda das barreiras ideológicas”, e por fim para a franca colaboração com as potências capitalistas, rotulada, no linguajar publicitário, de Ostpolitik ou de détente”
“Longe disto, usa ele, (o marxismo),  o sorriso tão-somente como arma de agressão e de guerra, e não extingue a violência, mas a transfere do campo de operação do físico e palpável, para o das atuações psicológicas impalpáveis. Seu objetivo: alcançar, no interior das almas, por etapas e invisivelmente, a vitória que certas circunstâncias lhe estavam impedindo de conquistar de modo drástico e visível, segundo os métodos clássicos.

Bem entendido, não se trata aqui de efetuar, no campo do espírito, algumas operações esparsas e esporádicas. Trata-se, pelo contrário, de uma verdadeira guerra de conquista - psicológica, sim, mas total - visando o homem todo, e todos os homens em todos os países.”

“Com efeito, a guerra psicológica visa a psique toda do homem, isto é, “trabalha-o” nas várias potências de sua alma, e em todas as fibras de sua mentalidade.”

“Ela lança mão de todos os meios, a cada passo é-lhe necessário dispor de um fator específico para levar insensivelmente cada grupo social e até cada homem a se aproximar do comunismo, por pouco que seja. E isto em qualquer terreno: nas convicções religiosas, políticas, sociais e econômicas, nas impostações culturais, nas preferências artísticas, nos modos de ser e de agir em família, na profissão, na sociedade.”


“É penoso dizê-lo. Mas a evidência dos fatos aponta, neste sentido, o Concílio Vaticano II como uma das maiores calamidades, se não a maior, da História da Igreja 75. A partir dele penetrou na Igreja, em proporções impensáveis, a “fumaça de Satanás”, que se vai dilatando dia a dia mais, com a terrível força de expansão dos gases. Para escândalo de incontáveis almas, o Corpo Místico de Cristo entrou no sinistro processo da como que autodemolição.”

“IV Revolução e tribalismo: uma eventualidade”

“Como? - É impossível não perguntar se a sociedade tribal sonhada pelas atuais correntes estruturalistas dá uma resposta a esta indagação. O estruturalismo vê na vida tribal uma síntese ilusória entre o auge da liberdade individual e do coletivismo consentido, na qual este último acaba por devorar a liberdade. Segundo tal coletivismo, os vários “eus” ou as pessoas individuais, com sua inteligência, sua vontade e sua sensibilidade, e conseqüentemente seus modos de ser, característicos e conflitantes, se fundem e se dissolvem na personalidade coletiva da tribo geradora de um pensar, de um querer, de um estilo de ser densamente comuns.

Bem entendido, o caminho rumo a este estado de coisas tribal tem de passar pela extinção dos velhos padrões de reflexão, volição e sensibilidade individuais, gradualmente substituídos por modos de pensamento, deliberação e sensibilidade cada vez mais coletivos. É, portanto, neste campo que principalmente a transformação se deve dar.”

“A crescente ojeriza a tudo quanto é raciocinado, estruturado e metodizado só pode conduzir, em seus últimos paroxismos, à perpétua e fantasiosa vagabundagem da vida das selvas, alternada, também ela, com o desempenho instintivo e quase mecânico de algumas atividades absolutamente indispensáveis à vida.

A aversão ao esforço intelectual, notadamente à abstração, à teorização, ao pensamento doutrinário, só pode induzir, em última análise, a uma hipertrofia dos sentidos e da imaginação”


“...Revolução tomar conta da vida temporal da humanidade, acolitada na esfera espiritual pelo progressismo ecumênico, devê-lo-ão mais à incúria e colaboração destes risonhos e otimistas profetas do “bom senso”, do que a toda a sanha das hostes e dos serviços de propaganda revolucionários”

Comento; Os "sabugos", ou sorridentes otimistas do bom senso , os "reaças caviar", muitas vezes prestam um desserviço a causa contra revolucionária mais que o pior empedernido marxista.

“A oposição dos “profetas do bom senso”

Profetas estes de um estranho gênero, pois suas profecias consistem em afirmar invariavelmente que “nada acontecerá”.”

“Na perspectiva de Revolução e Contra-Revolução, toca-lhe, antes de tudo, acentuar a preponderante importância que no processo gerador desta IV Revolução, e no mundo dela nascido, cabe à Revolução nas tendências 86. E preparar-se para lutar, não só no intuito de alertar os homens contra esta preponderância das tendências - fundamentalmente subversiva da boa ordem humana - que assim se vai incrementando, como a usar, no plano tendencial, de todos os recursos legítimos e cabíveis para combater essa mesma Revolução nas tendências”

“Ou seja, pode-se dizer que nesses países o comunismo morreu? Ou que ele entrou simplesmente num complicado processo de metamorfose?”

“Qual é o rumo espontâneo do caos senão uma indecifrável acentuação de si próprio?”

domingo, 7 de setembro de 2014

Dicas David Horowitz

A ARTE DA GUERRA POLÍTICA DE DAVID HOROWITZ


DICAS; 


Se vc entrar na guerra achando que o inimigo já perdeu vc esta morto.

Vc não pode hostilizar pessoas que podem lhe colocar em posição de poder político.

Horowitz Divide 6 pontos 

1 - No debate vence quem consegue se comunicar de forma rápida simples e acessível 

2 - Politica é guerra de posição ! Se posicione rapidamente como amigo do seu público.

"Se você está se explicando você está perdendo"  devolva o golpe !

3 - Na  guerra política o combativo, o que tem desejo de vencer  ganha! , Quem  escolhe o terreno a se combater tem vantagem política. 

4 -  Quem porta esperança vence ! quem porta o medo perde.

5 -  As armas políticas são os símbolos que evocam medo e esperança.

"Tudo se resume como você vai atingir seu público final"

- Se não amarrar suas propostas políticas que não beneficiem as pessoas mais simples nunca irá ganhar na política 


Considerações práticas : 

O rótulo prega e destrói  - Rotina da rotulagem feito pelas esquerdas

Se explicar que não se enquadra no rótulo já perdeu a luta política .

Senso comum tende para a moderação e a esquerda usa a tática de rotular a direita de fascista , ultra ou extrema direita .

As pessoas não vão se importar com o que você tenha a dizer a não ser que elas acreditem que você se preocupe com elas. 

A arte da política  é persuadir as pessoas que você não conhece e nunca vai conhecer a não ser por símbolos e frases de efeito que você se preocupa de fato com elas.

Trabalhar a plataforma política de forma que você se aproxime de verdade das pessoas , que mostre que é um deles, que se importa , que esta fazendo ou já era.

Transpor as idéias políticas de forma que beneficie as pessoas. A política é a forma mais alta da caridade e no debate político também o candidato deve estar munido de intenções da caridade.


"Preparar o terreno para que o que você vá dizer seja realmente aceito"

Trabalhar com símbolos e retirar os ruídos, estática e hostilidade da comunicação deixados pela esquerda.






sexta-feira, 5 de setembro de 2014

PALAVRAS AO REACIONÁRIO



                                




A direita sempre terá divergências com a própria direita pelo simples fatos de não sermos uma seita como os marxistas que buscam pensar sempre de forma única  e lobotomizada. Imbecis sempre pensarão de forma igual. Por isto a direita crer na profunda e soberana liberdade de expressão. Não acreditando portanto em um planejamento estatal ou na engenharia social que nos leva ao caminha da servidão. A direita não enxerga social e sim indivíduos, pessoas e famílias.

Para se compreender profundamente que ser de direita é estar certo e que se posicionar com satã a  esquerda de Deus Pai é estar errado. Se faz necessário compreender as bases da civilização ocidental que são a ética e moral cristã, a filosofia Grega e o direito Romano.

É necessário a compreensão da importância de não dialogar com pontos estabelecidos pela esquerda. Pois todo ponto defendido pela ideologia marxista e congêneres tendem a destruir os pilares da pátria e da civilização ocidental ao qual ela está inserida.

Estes três pilares fundamentam a vida ocidental. Nelas estão constituídas o direito de propriedade, as garantias e direitos fundamentais do indivíduo. Como a  liberdade em constituir posses, o direito de defender sua vida, o direito de crer e de opinião .

A única forma da direita vencer é união da própria direita com o fim de abater a maldita corja em seus ideais espúrios e totalitários. Jamais aceitar idéias ou comportamentos esquerdistas.

A luta contra revolucionária se dar em três pontos nas tendências que são modus comportamentais do sujeito, nas idéias malditas que buscam justificar as suas tendências maliciosas de comportamento e luta contra os fatos que seriam já a política e as realizações destrutivas da esquerda.

O marxismo cultural impõe um modo de agir e de se comportar. O indivíduo promíscuo em relação a seus relacionamentos e a sua própria saúde tende a querer justificar seu modo de vida com idéias. Dai surge a ideologia marxista ou gramsciniana para justificar seus desvios comportamentais. O próximo passo será servir como um idiota útil a causa de gananciosos corruptos da esquerda.

O contra revolucionário de direita pois compreende revolução como o processo de tomada do poder marxista. O indivíduo que reaciona contra a revolução, portanto, o contra revolucionário deve sempre estar se corrigindo e vigiando a inclinação ao pecado pois o exemplo maior é o que se dá pela sua atitude.

Educação e boas maneiras nunca é pouco para o contra revolucionário. Sempre devemos estar combatendo o esquerdista que está dentro de nossos hábitos. Este mal se manifesta na preguiça, na inveja, no orgulho e em toda tendência auto destrutiva de nossa integridade física e espiritual

O ativismo da direita poderá ser organizado pela formação de células que por ordem geométrica irão se multiplicando a partir de matrizes que geram novas células que serão futuras matrizes e assim indefinidamente até destruir o marxismo cultural e seu conseqüente intervencionismo estatal de forma permanente em seus fundamentos totalitários.

A liberdade é o bem mais precioso do homem ocidental e foi através dela que se constituiu as principais civilizações tecnológicas e científicas com o amor de Cristo e  consequente maiores índices de desenvolvimento humano em todo o mundo.

Se mantenha firme.

Força e honra sempre !

Selva !

TRECHOS E FRAGMENTOS DO POLITICAMENTE INCORRETO DA ESQUERDA E SOCIALISMO







TRECHOS E FRAGMENTOS 


“Os socialistas que sobreviveram à derrocada do socialismo, com o naufrágio de todos os regimes que o adotaram, não perderam o rebolado. Explicam que o socialismo é, por assim dizer, tudo aquilo que ainda não foi devidamente testado. Em outras palavras: com exceção da vida real, o socialismo é tudo.”

“O mais impressionante não é o proverbial fracasso do socialismo como experiência, mas o seu renitente sucesso como poesia para incautos e propaganda enganosa. A publicação deste livro no Brasil é mais uma chance — quantas outras haverá? — para a opinião pública despertar de longa letargia populista"


“Usar o aparato do Estado para forçar a caridade oferece a satisfação prazerosa do exercício da virtude — sem qualquer um de seus custos.” E a praga esquerdista do planejamento central (ou o delírio da sociedade adestrada por uma burocracia iluminada) está também na origem da crise da União Europeia. Dizem que por lá o pior já passou, mas o autor aponta dirigismo e falta de soberania nas soluções em curso: “Não estejam tão seguros de que a Europa tenha encontrado uma saída do caminho da servidão.”

“Se a impostura socialista continuar governando boa parte dos bem-intencionados no planeta, pelo menos este livro divertirá os que já entenderam o golpe. Margaret Thatcher dizia que o socialismo dura até acabar o dinheiro dos outros. O economista Ludwig von Mises, um dos expoentes do liberalismo, completou: “O socialismo não é apenas um parasita econômico da prosperidade capitalista, mas também um parasita intelectual do capitalismo.” Foi erigido como crítica ao sistema de valores do capital e do trabalho, mas fincou seus postulados numa espessa ignorância sobre as leis da economia”

“Williamson aponta a verdade suja desenterrada por Gorbachev: a essência do socialismo não era a igualdade, mas o controle.”

“Você sabia?

• Os próprios socialistas e comunistas reconhecem que o socialismo não é algo separado do comunismo
• É a aversão aos riscos, e não o fervor revolucionário, a força motriz do socialismo
O controle estatal é mais importante para os socialistas do que o igualitarismo”

“O setor privado busca o lucro, enquanto o governo busca o bem-estar do povo”, disse o ministro da alimentação venezuelano, Félix Osorio, à National Geographic News, durante uma visita ao Pinto Salinas Mega Mercal. “O mercado livre não dá as cartas — é a regulamentação que o faz.”
“Assim, períodos esporádicos de escassez de gêneros alimentícios básicos se tornaram rotineiros para muitos habitantes do país.”

“Quando a escassez de alimentos na Venezuela se tornou crítica no ano passado, por exemplo, Helen Mercado e Luis Boada visitaram um mercado após o outro à procura de leite para seu filho de três anos. Em muitas ocasiões o jovem casal teve que se contentar com iogurte líquido, encontrado mais facilmente por não ser regulado.”
National Geographic, julho de 2008”

“Socialismo significa, entre outras coisas, usar órgãos políticos para fornecer bens e serviços que de outra forma seriam oferecidos de maneira privada no mercado. Em sua forma mais extrema, socialismo significa que o governo dirige a economia como um todo. Em suas expressões mais brandas, assume a forma de indústrias nacionalizadas”

“A verdade é autoevidente
“Um governo não pode controlar a economia sem controlar as pessoas. E os pais fundadores dos Estados Unidos sabiam que, quando um governo decide fazer isso, é necessário o uso de força e coerção para atingir seu objetivo.”
Ronald Reagan, discurso “Tempo de Escolhas”, 1964”

“Socialismo significa planejamento centralizado. Um programa de vales-alimentação é bem-estar social; fazendas e supermercados administrados pelo governo constituem socialismo. Subsídios para moradia oferecidos pelo governo são parte do bem-estar social; projetos de habitação administrados pelo governo fazem parte do socialismo. Vouchers escolares são bem-estar social; um sistema escolar administrado pelo governo é socialismo.”

“O planejamento centralizado socialista sempre funciona melhor para a classe de onde saem os planejadores, que podem se assegurar de que seus interesses pessoais sejam relativamente bem-servidos. É por esse motivo que o socialismo estadunidense é um fenômeno da classe média, e não da classe operária. Trata-se também, ao contrário da versão hollywoodiana da política americana, de um fenômeno corporativo; os Grandes Negócios são amigos de confiança dos regimes de planejamento centralizado, já que essas empresas acreditam, acertadamente, que poderão usar o aparato do planejamento para seus próprios interesses. Isso acontece, por exemplo, ao aplicar pesadas cargas reguladoras para evitar que novos competidores entrem em suas áreas de mercado.”


“Além da aversão ao risco, outra grande fonte de sustentação ideológica do socialismo, raramente mencionada em público, é também psicológica: usar o aparato do Estado para forçar a caridade oferece a satisfação prazerosa do exercício da virtude — sem qualquer um de seus custos. É por isso que os socialistas tanto se gabam de seu comprometimento com os pobres — um comprometimento teórico cujos frutos práticos dificilmente são vistos nos regimes socialistas com experiências documentadas pelo mundo. É também esse o motivo por que os socialistas combinam o socialismo ao Estado de bem-estar social e simples impulsos beneficentes”

“...] O socialista finge ter vislumbrado o paraíso na Terra. Aqueles que recusam o convite para abraçar tal visão não são apenas ingratos: são também traidores à causa da perfeição humana. A dissidência não é uma simples divergência de opiniões, mas sim traição. E tal traição não é confrontada com argumentos, mas (se as circunstâncias permitirem) com a guilhotina, com o campo de concentração, com o expurgo.[8]”

“O que Gorbachev deixou claro — e o que muitos críticos do socialismo teimam em não entender — é que, do ponto de vista dos socialistas, o necessário não é uma política econômica igualitária, mas sim um controle por parte do governo. Tal controle não precisa ser aplicado em âmbito nacional ou imposto por uma ditadura de partido único, como a chinesa ou a soviética. A direção estatal pode ser feita em diversos níveis e assumir muitas formas, como as nacionalizações venezuelanas, os cartéis de Franklin Delano Roosevelt e o regime de controle de salários e preços de Richard Nixon. Por anos, os socialistas americanos vêm buscando usar o sistema Medicare/Medicaid para impor um controle sobre os preços praticados por indústrias farmacêuticas e outros prestadores de serviços médicos — e a legislação de 2010, conhecida como ObamaCare, hoje prepara o solo para que logo tenham o poder para fazê-lo. Stalin defendia o “socialismo num só país”, enquanto os progressistas americanos defendem o socialismo numa só indústria — ou uma só indústria por vez.”

“O Estado não precisa de fato ter fábricas, minas ou centros de processamento de dados, uma vez que possui o poder de decretar, nos mínimos detalhes, como os negócios devem ser conduzidos em tais atividades. A regulamentação serve como uma procuração para a propriedade direta dos meios de produção por parte do Estado.

Mesmo em suas formas modernas mais dispersas, o planejamento centralizado socialista é facilmente identificado por meio de uma característica difícil de passar despercebida: o fracasso”
“Como defendeu F.A. Hayek, colega de Mises, em O caminho da servidão, os planejadores centrais, frustrados por sua incapacidade de moldar a economia às suas vontades, inevitavelmente são tentados a passar por cima dos direitos e dos interesses daqueles a quem deveriam servir”

“Você sabia?
• O socialismo, em sua teoria, é tão falho quanto o socialismo na prática
• As disfunções do socialismo brotam, em parte, da moralização sugerida por Marx
O capitalismo coloca mais fé nas pessoas comuns que o socialismo”

“O socialismo teórico é tão ruim quanto aquele aplicado na prática, desde o momento em que se compreende sua teoria e se deixa de confundi-lo com o impulso natural e humano de fazer caridade.”

“Em 1970, inúmeros países africanos abraçaram o marxismo como sua doutrina e proclamaram seu comprometimento com a missão de construir o socialismo. Seis deles — Angola, Moçambique, Madagascar, Congo, Benin e Etiópia — chegaram até a adotar o marxismo-leninismo como linha de ação e afirmaram sua lealdade aos traços gerais da experiência soviética na construção do socialismo. Nove outros — Argélia, Líbia, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné, São Tomé e Príncipe, Zâmbia, Tanzânia e Seicheles — tornaram-se regimes socialistas autodeclarados, ainda que destacassem a centralidade de suas próprias condições nacionais na implementação real dos objetivos socialistas e evitassem qualquer identificação explícita com o leninismo. Todos, porém, elevaram o Estado à condição de órgão central das mudanças socioeconômicas."

“Os cubanos considerados culpados por esse sistema de justiça criminal — e raramente há dúvida quanto a isso — normalmente cumprem de dez a vinte anos de cadeia por crimes políticos. Mas a maioria dos criminosos cubanos não é política. Uma grande parcela dos criminosos comuns, estimados entre 180 mil e 200 mil, espalhados pelas quinhentas prisões de Cuba, é formada por pessoas que infringiram a lei ao matar seus próprios porcos, bois e cavalos e depois vender a carne excedente no mercado negro.”
Larry Solomon, National Post, maio de 2003”

“No cerne da diferença entre capitalismo e socialismo está uma questão sobre o cálculo do valor econômico. Numa economia de mercado livre, os valores econômicos são estabelecidos economicamente; isto é, um produto vale o preço pelo qual você pode vendê-lo no mercado. Os seguidores de Ayn Rand, que estão entre os mais ferrenhos defensores do capitalismo em todo o mundo, chamam a si próprios de “objetivistas”. Na verdade, porém, o capitalismo assume um subjetivismo radical no mercado. O valor econômico objetivo e real das coisas equivale ao modo como as pessoas as valorizam subjetivamente.”

“Embora o trabalho seja a medida real do valor de troca de todas as mercadorias, não é por ele que seu valor normalmente é estimado. Por vezes é difícil determinar a proporção entre duas quantidades diferentes de trabalho. O tempo gasto em dois tipos de atividade diferentes, por si só, não pode determinar tal proporção. Os diferentes níveis de dificuldade e habilidade também devem ser levados em consideração. Pode haver mais trabalho numa hora de uma atividade difícil do que em duas de outra mais simples; ou no emprego de uma hora em um ofício que leva dez anos para ser aprendido do que num mês de trabalho em um emprego simples e óbvio. Não é fácil, entretanto, encontrar uma medida precisa, seja para dificuldade ou habilidade. De fato, ao trocar as diferentes produções de diferentes tipos de trabalho uma pela outra, certa tolerância geralmente é concedida a ambas. O ajuste, no entanto, não é feito por uma medida precisa, mas por meio de barganhas no mercado, seguindo aquele tipo de equivalência aproximada que, embora não exata, é suficiente para levar adiante o comércio da vida comum.[18]”

“Aqui começamos a entender o sabor moral verdadeiro do socialismo. Adam Smith, um liberal clássico, criou uma escola de economia que levava em consideração os erros, as fraquezas e as deficiências humanas. Esquivando-se de qualquer ideologia rígida, colocava fé em “barganhas no mercado” — o que significa fé nas pessoas — e mostrava-se satisfeito com um sistema que, apesar de suas imperfeições, é “suficiente para levar adiante o comércio da vida comum”.
Já o socialismo, por outro lado, tornou-se um credo de revolucionários, mantendo suas características radicais até os dias de hoje, quando o sonho de uma revolução socialista mundial é tão capenga e desbotado quanto uma camiseta suada com o rosto de Che Guevara. A ideia de dizer “Ei, vamos pegar uma AK-47 e resolver o problema” está sempre no ar. Não começou com Marx, mas ele a tornou ortodoxa, e seus escritos são repletos de ódio e moralismo puritano. Sua crítica ao liberalismo não é apenas econômica, mas também moral, com tons inflamados: “O capital é o trabalho morto, sobrevivendo, tal qual um vampiro, de sugar o trabalho vivo, e, quanto mais viver, mais trabalho sugará.”[19] No que diz respeito à filosofia, Marx escreveu “A questão não é simplesmente compreender o mundo, mas mudá-lo.”[20]

A questão de como estabelecemos preços e salários pode ser considerada, em certo nível, trivial, mas é a pedra fundamental do socialismo. Quando um planejador central socialista recebe poderes para ir ao mercado e começa a ditar regras — afirmando que o valor de “X” é diferente do que concordaram o produtor e o consumidor de “X”, e que o mundo deve se curvar àquele julgamento —, surge uma lista infindável de problemas políticos e questões. A primeira delas é a seguinte: se os preços não forem estabelecidos pelo mercado, quem os estabelecerá? E como nossos novos legisladores poderiam estimá-los?”

“Você sabia?
• O socialismo é um parasita intelectual do capitalismo
• O planejamento racional, na amplitude que requer o socialismo, é impossível
“Preço socialista” é um paradoxo”


“Sob a óptica do socialismo, os preços são endógenos, um aspecto do próprio produto, refletindo a matéria-prima, os recursos, o tempo, o conhecimento e — acima de tudo — a mão de obra empregada em sua criação. No entanto, para Mises — e praticamente para todos os economistas modernos — os preços são exógenos, refletindo apenas o modo como as pessoas valorizam determinado produto. Isso pode parecer uma simplificação exagerada — um produto vale apenas o preço pelo qual se consegue vendê-lo —, mas na prática o subjetivismo radical de Mises oferece um modelo infinitamente mais rico e cheio de nuances de estipulação de preços — e, consequentemente, de ação humana”

“Provar que o cálculo econômico seria impossível numa comunidade socialista é também provar que o socialismo é impraticável. Tudo o que foi apresentado em favor do socialismo durante os últimos cem anos, em milhares de textos e discursos, todo o sangue derramado por seus defensores, não é suficiente para fazer com que o socialismo funcione. As massas podem desejá-lo ardentemente, guerras e revoluções incontáveis podem ser feitas em seu nome, mas ainda assim jamais será algo realizável. Toda e qualquer tentativa de colocá-lo em prática levará ao sindicalismo ou, tomando outro rumo, ao caos, que rapidamente dissolverá a sociedade, baseada na divisão de trabalho, em minúsculos grupos autárquicos.”

“Os pensadores socialistas interpretam mal o papel do preço. Este não é uma medida do esforço aplicado para obter determinado produto. Em vez disso, trata-se de uma espécie de interface epistemológica, que facilita a troca de informação sobre o que produzem os produtores e o que consomem os consumidores, o que querem produzir os produtores e o que querem consumir os consumidores.”

“O mais provável é que os planejadores centrais se recusem a atender às preferências dos cidadãos. Passarão a condenar sua opção por leite orgânico como uma extravagância burguesa. Nas economias socialistas mais robustas, os planejadores informam à população sobre suas preferências, e não o contrário. De qualquer forma, fique certo de três coisas:

1.
As reais preferências dos consumidores não serão saciadas.
2.
Recursos serão alocados de maneira ineficiente.
3.
Algo que não um planejamento econômico racional e sem interesses será a verdadeira força por trás das decisões dos planejadores centrais.”

“Nas economias socialistas mais ferrenhas do século XX, a produção e a distribuição de gêneros alimentícios se mostrou terrivelmente disfuncional. Por mais sanguinários que fossem tiranos como Stalin e Mao, um número muito maior de pessoas morreu desnecessariamente de fome sob o controle socialista da produção de alimentos. Na verdade, entre as estimadas cem milhões de mortes atribuídas ao socialismo em todo o mundo durante o século XX, a maior parte delas foi provocada pela fome. E o problema inescapável da ineficácia da produção e distribuição de alimentos em regimes socialistas ainda hoje se faz evidente nas vastas provisões de alimentos deixadas para apodrecer nos armazéns estatais venezuelanos enquanto os súditos de Hugo Chávez passam fome.”

“Não é por coincidência que, em todos os países socialistas, planejadores centrais e funcionários do governo gozam de um padrão de vida substancialmente maior do que o do pobre proletariado, em nome do qual, teoricamente, administram a economia. Isso se mostrou verdadeiro durante longos períodos de tempo, em diferentes países, com culturas e hábitos sociais bem diferentes. Não se trata de uma característica de algumas supostas más aplicações do socialismo, mas sim do próprio socialismo. A economia desastrosa de Cuba e a economia desastrosa da Coreia do Norte são expressões regionais de um único fenômeno.
Embora a maioria dos socialistas de hoje tente distanciar suas crenças e ideologias do marxismo — em grande parte devido aos horrores infligidos ao mundo por governos marxistas —, a convicção de que uma economia complexa possa ser planejada racionalmente é marxista por excelência”

“Nos dias de hoje, a abordagem “cibernética” de Kruschev caiu em descrédito — sendo relegada à lixeira da história —, mas a crença numa administração “científica” e “racional” dos sistemas econômicos incompreensivelmente complexos permanece uma ideia fixa no mundo da política. Outros modelos de base científica substituíram a cibernética soviética — biologia evolutiva, sistemas em rede, teoria da complexidade —, mas o conceito central continua fatal. A questão principal são as dimensões dessas tentativas de planejamento; o socialismo aplicado a setores do sistema de saúde, da agricultura e da educação americanos é bastante limitado, por isso seus efeitos são relativamente brandos. Regimes que utilizam um planejamento centralizado mais abrangente produzem fracassos mais abrangentes — e um retorno mais perversamente abrangente para os planejadores centrais.”

“Se o sapato tem o número certo, não foi produzido pelo socialismo
“Ao manter o preço dos bens de consumo relativamente baixos, os planejadores soviéticos criaram a ubíqua ‘fila de espera’. Em torno dessa instituição surgiu ‘uma elaborada subcultura, com seus próprios hábitos e regras’. O mais estranho foi observar nessa fila de espera a falta de bens dos quais a União Soviética era a maior produtora do mundo. No final dos anos 1980, a URSS produziu mais de três pares de sapatos para cada habitante, mas ainda assim as pessoas tinham de esperar para comprá-los. O problema foi que os calçados disponíveis não refletiam os gostos dos consumidores: os sapatos foram feitos para atender ao plano do governo, não para satisfazer a demanda do mercado.”
James Dorn, pesquisador do Instituto Cato, 1994”

“Obviamente, os planejadores centrais não estão dispostos a admitir que sua capacidade de agir racionalmente seja limitada. Quando o plano fracassa — como sempre acontece com o plano, haja vista que é baseado em informações erradas e inadequadas —, os planejadores invariavelmente tentam forçar que a sociedade se adapte a seu plano, em vez de reformulá-lo para que se adapte à sociedade. Na verdade, eles não podem reformular seus planos de acordo com as reais necessidades da sociedade, uma vez que não sabem quais são essas necessidades e não têm meios para identificá-las.

O exemplo do leite é relativamente simples e direto; imagine como seria mais complicado falar sobre o sistema de saúde. Sabendo que os planejadores têm acesso limitado a informações úteis, mas amplo acesso à força política bruta, Hayek previu que tentativas de programar um planejamento centralizado levariam a más administrações autoritárias como aquelas que caracterizaram os regimes socialistas de meados do século XX, argumento esse sobre o qual discorreu longamente em O caminho da servidão.”

“Livres para escolher
“Uma das maiores fontes de objeção à economia livre é exatamente porque dá às pessoas o que elas querem, em vez do que determinado grupo pensa que devem querer. Por trás da maior parte dos argumentos contra o mercado livre está uma falta de convicção na própria liberdade.”
Milton Friedman, Capitalism and Freedom (Capitalismo e liberdade), 1962”

“Um comissário entra num bar...
Um comissário agrícola soviético visita uma fazenda coletiva e exige saber como vem procedendo a colheita de batatas. “Maravilhosamente!”, responde o responsável pela fazenda. “Temos tantas batatas que se as empilharmos, alcançariam os pés de Deus!” O comissário fecha o rosto e vocifera: “Esta é a União Soviética! Não temos Deus!” No que o fazendeiro responde: “Tudo bem, também não temos batatas.”

“Uma geração depois de adotar o socialismo democrático, a Índia recorreria à autocracia, e a filha de Nehru com maiores dotes socialistas, Indira Gandhi, tomou posse como ditadora. Econômica e politicamente, o socialismo se tornaria um desastre para a república emergente — que levaria quase cinquenta anos para se recuperar.”

“A Índia, por sua vez, continuou sendo uma sociedade altamente estratificada. Em vez de se voltar para o comércio exterior, voltou-se para o interior, guiada pelas ideias românticas do socialismo e da autossuficiência. O resultado foi a pobreza. “Descobriu-se que a minúscula Hong Kong arrecadava mais com suas exportações do que toda a Índia”, escreveu o economista indiano Gurcharan Das. “A parcela da Índia no comércio mundial caiu de 2,2% em 1947 para 0,5% em 1990.”[36] Isso significa que, depois de 43 anos de independência e autogoverno, a Índia perdera 77% de sua parcela no comércio global."

“caminho da Índia rumo à servidão começou com a política espiritualizada de Gandhi, mas foi Nehru, inspirado pelo socialista britânico Harold Laski, quem construiu o Estado socialista sob o qual o país penaria por décadas. O tipo de socialismo implantado por Nehru era de vertente democrática, mas o estudante de socialismo não deveria se surpreender ao constatar que esse se identificava bastante com os dois maiores Estados socialistas não democráticos de sua época — a União Soviética e a China de Mao — e neles se espelhava para governar”

“O socialismo na Índia democrática lembrava muito o socialismo na URSS não democrática.”

“O problema, como teriam previsto Mises e Hayek, era o planejamento econômico central. Ainda que o socialismo indiano tenha sido politicamente diferente do socialismo extremo da União Soviética e da China de Mao, e embora sua arregimentação econômica tenha certamente sido menos radical e mais liberal, o aparato de implantação foi o mesmo: o plano governamental, o planejador governamental e a autoridade de planejamento governamental.”

“Na base de tudo isso estava uma hostilidade à competição, um sentimento que ainda hoje é ouvido nas vozes daqueles que se opõem ao comércio global e à abertura dos mercados. Segundo Das, Mahalanobis “presumiu que a competição fosse imoral”.[41] Mas a competição — diferentemente do planejamento centralizado — incentiva a produtividade, disponibilizando mais e melhores produtos a preços mais baixos. A competição necessita de inovação e investimento. A competição é o motivo pelo qual Hong Kong e Cingapura enriqueceram, enquanto a Índia cambaleou até 1997, quando abriu sua economia e começou sua notável transformação numa grande potência econômica mundial. A competição é a antítese do planejamento centralizado. É também a razão pela qual o iPhone em seu bolso é uma maravilha da engenharia e da economia, enquanto a escola pública na esquina é uma porcaria.”

“A educação pública procura transformar alunos em servos úteis ao Estado”


“O objetivo da educação pública é, e sempre foi, fazer dos integrantes do povo servidores melhores e mais produtivos do Estado — não é de admirar que os socialistas tenham abraçado a causa”

“Você gosta do ensino público? Então diga ‘Obrigado, socialismo”

“Apesar das alegações exageradas feitas por partidários da educação socialista, seus resultados nos Estados Unidos são semelhantes aos dos cartéis socialistas na Índia ou das fazendas coletivas da URSS: os recursos são mal-alocados ou desperdiçados, os supostos beneficiários dos programas são enganados e os interesses dos planejadores centrais são aqueles mantidos com maior eficiência. As escolas situadas em zonas de baixa renda são um pesadelo por todo o país. Os gastos com educação foram às alturas, enquanto os resultados educacionais estagnaram em muitos colégios e pioraram em outros tantos.”

“Alunos que receberam incentivos para frequentar colégios particulares apresentaram uma probabilidade significativamente maior de concluir o ensino médio e que os pais cujos filhos receberam bolsas estavam satisfeitos em poder optar por escolas boas e seguras. Essas recentes descobertas sobre o sistema de tíquetes escolares (vouchers) em Washington ressaltam o valor do programa e mostram como é errado negar essa oportunidade a futuros estudantes.[59]”

“Os interesses das crianças no sistema de educação socialista não estão sendo mais bem-atendidos do que os interesses dos milhões de indianos forçados a um estado de pobreza por seus governantes ou os interesses dos venezuelanos que passavam fome enquanto toneladas de alimentos apodreciam nos armazéns do governo socialista de Hugo Chávez.”

“Você sabia?
• Os planejadores são os maiores beneficiados com o socialismo
• A política de educação pública é formulada para beneficiar grupos de interesse específicos
Diferentemente do socialismo, o capitalismo atende aos interesses dos consumidores”

“Para terminar, posso gastar o dinheiro de alguém com outra pessoa. Caso faça isso, não me preocuparei com o valor nem com o que comprarei. É assim que funciona o governo. E significa cerca de 40% de nossa receita nacional.”
Milton Friedman, entrevista à Fox News, 2004”


“Dados os defeitos inerentes ao modelo socialista de fornecimento de bens e serviços, perguntamos: por que alguém escolheria o socialismo, em primeiro lugar? Há inúmeras respostas possíveis para essa questão: ressentimento de classe, inveja socioeconômica, aversão ao risco, desconfiança irracional dos empresários que buscam o lucro etc”

“Há uma tendência de que as mentalidades mudem quando os incentivos são alterados. O aumento dos impostos e dos benefícios públicos desestimulou o trabalho duro e encorajou o absentismo. Imigrantes e gerações mais jovens de suecos se viram diante de incentivos distorcidos e não desenvolveram a ética de trabalho estabelecida antes que os efeitos do Estado de bem-estar social começasse a corrompê-los. Quando outras pessoas fraudam o sistema e saem ilesas, você passa a ser considerado um otário por acordar de manhã cedo e trabalhar até tarde. Segundo pesquisas, hoje metade dos suecos acha aceitável faltar ao emprego por motivos que não de doença. Quase a metade pensa que é possível faltar quando alguém da família não se sente bem e um número praticamente igual acha que pode ficar em casa quando há muito a ser feito no serviço. Nossos antepassados trabalhavam mesmo quando estavam doentes. Hoje, faltamos por “motivos médicos” mesmo quando nos sentimos bem.[74”

“Não é nenhuma surpresa constatar que o modelo socialista sueco se encontra em problemas. Na verdade, parece cada vez mais provável que o socialismo acabará minando o ethos historicamente igualitário, confiante e trabalhador da nação — deixando aos suecos os altos impostos, as despesas e um setor público disfuncional familiar aos estudiosos do estado de bem-estar social europeu, privando-os, entretanto, de quaisquer benefícios que tal sistema lhes possa ter oferecido”

“Você sabia?
• O socialismo provocou diretamente milhões de mortes por desnutrição na Coreia do Norte
• A situação política norte-coreana é mais fruto do socialismo que dos caprichos de seus ditadores
Como outros tiranos socialistas, Kim Jong-il mistura política com biologia”

“É difícil acreditar que a história faz surgir monstros toda vez que um governo centralizado excepcionalmente poderoso é criado. Sinceramente, quais seriam as probabilidades de Kim Il Sung, a verdadeira definição política de um monstro, ter um filho igualmente monstruoso, se não ainda mais, para herdar seu império?”


“Uma ideologia política é o que transforma um estudante de artes amargurado em Hitler ou um ladrãozinho de bancos em Stalin.”

“Esse tipo de pensamento heroico e antropocêntrico é familiar aos estudiosos de Jean-Jacques Rousseau, que via o soberano (em seu caso, um soberano abstrato: o “estado de direito”) como uma espécie de receptáculo, por meio do qual a “vontade coletiva” é coletada e canalizada ao Estado, o caldeirão onde é fervida até virar política por meios obscuros. Ecos de Rousseau podem ser ouvidos ao longo da história do socialismo, e não é por coincidência que os defensores do antidemocrata Hugo Chávez o descrevem, num tom apologético, como um “democrata rousseauniano”, o que significa um não democrata.”

“Dezenas de milhares de pessoas sofreram com o último estado de fome na Coreia do Norte, entre 1995 e 1997. Lee, que pediu para que seu verdadeiro nome não fosse divulgado, era uma funcionária num escritório estatal que registrava as mortes em sua cidade. É uma bela jovem de 29 anos, com cabelos encaracolados até os ombros e uma pele lisa e impecável, que não revela as dificuldades pelas quais passou e que encontra dificuldade para explicar. ‘Começamos a ver casos de canibalismo’, relembra, fazendo uma pausa. ‘Você provavelmente não entenderia.’ Ela segue adiante: ‘Quando se está morrendo de fome, você vai à loucura...’
‘Não posso condenar o canibalismo. Não que eu quisesse comer carne humana, mas sofríamos tanta fome... Vi uma mulher ser questionada por canibalismo. Ela disse que o gosto era bom.’
O recebimento de auxílio internacional por meio de alimentos gradual- mente interrompeu o estado de fome, deixando um número de mortos estimado entre trezentos mil e dois milhões.”
Washington Post, 2003”


“No entanto, quando o plano fracassa — e o plano sempre fracassa —, deve-se encontrar alguém para culpar. Ao longo do século XX, movimentos políticos que se entendiam por socialistas foram responsáveis pela morte de cerca de cem milhões de pessoas.[78] Na China, no Camboja e na URSS, a convicção na perfectibilidade da sociedade não levou a um paraíso terrestre, mas sim a um inferno, especialmente para os pobres desafortunados que foram classificados como “antiquados e reacionários” por regimes socialistas que implementavam o melhor pensamento “científico” que conseguiram elaborar para administrar as questões humanas.”

“A Coreia do Norte não foi o único Estado a usar a fome como arma de terrorismo em massa: o “Holodomor” de Stalin fez com que cerca de dez milhões de ucranianos morressem de desnutrição e muitos milhões perecessem sob os períodos de fome induzidos politicamente por Mao.”

“Quando os americanos olham para seus pais fundadores, normalmente ficam admirados pela sorte que tiveram ao fazer parte da criação da república um grupo de homens que incluía o austero aristocrata George Washington, o democrata Thomas Jefferson, o prático Alexander Hamilton, o cético Benjamin Franklin, o idealista Tom Paine e o restante dos iluminados de 1776. Eram todos grandes homens, não há dúvida — mas se a revolução tivesse tomado outro rumo, se tivesse seguido os passos da Revolução Francesa e descambado em terror, opressão e repressão, nossas opiniões sobre essas pessoas seria consideravelmente diferente.”

“A ideologia do planejamento central é um convite ao exercício do poder ditatorial e da repressão, como argumentou Hayek com tanta habilidade em O caminho da servidão.”

“Existe um termo técnico usado pela direita para os ex-socialistas que desviaram seus esforços políticos do planejamento econômico centralizado e os canalizaram no movimento ambientalista. São chamados de “melancias” — verdes por fora e vermelhos por dentro. Há certa verdade nessa percepção das coisas.
Do final da Guerra Fria até o advento da crise financeira de 2008, socialismo era, politicamente falando, um palavrão. O partido socialista britânico, que atende por Partido Trabalhista, expeliu a palavra de sua retórica. Ainda que partidas socialistas e um ou outro partido declaradamente comunista continuem a entrar e sair do poder em lugares como a França e a Índia, na maior parte do mundo os socialistas são obrigados a fingir, de certa forma, ser algo diferente do que realmente são. E foi no movimento ambientalista que encontraram um aliado conveniente — e um excelente método de camuflagem política.”

“Reconhecendo um padrão
Em 2009, a revista Time fez uma lista das dez cidades mais poluídas do mundo. Todas se encontravam em países socialistas ou ex-socialistas. Eis a lista:
• Linfen, China
• Tianying, China
• Sukinda, Índia
• Vapi, Índia
• La Oroya, Peru
• Dzerzhinsk, Rússia
• Norilsk, Rússia
• Chernobil, Ucrânia
• Sumgayit, Azerbaijão
• Kabwe, Zâmbia”

“A explosão da usina nuclear soviética de Chernobil em 1986 foi uma das piores catástrofes ambientais da história mundial. "

“A explosão da usina nuclear soviética de Chernobil em 1986 foi uma das piores catástrofes ambientais da história mundial. "

“os governos têm seus próprios incentivos econômicos para negligenciar ou abusar do meio ambiente — e, em muitos casos, os planejadores estatais tratam a natureza com muito mais descaso do que as iniciativas privadas.”

“Você sabia?
• A fonte do colapso econômico venezuelano é o socialismo, não a corrupção
• O ídolo de Hugo Chávez, Simón Bolívar, admirava a democracia americana
Tentativas oficiais de fixar os preços na Venezuela deram origem a uma inflação assombrosa”

“Apesar do auxílio de governos amigos, a economia venezuelana implodiu. A gasolina se tornou escassa, e logo diminuiu também o suprimento de gêneros alimentícios e outras necessidades básicas. A economia se contraiu em 23% durante o primeiro quadrimestre de 2003, e o desemprego ultrapassou os 20%. A situação ficou tão crítica que até comerciantes e lojistas, geralmente a classe de negociantes mais apolítica, entraram em greve contra Chávez — e logo no período natalino, adotando o lema “Um 2002 sem Natal e um 2003 sem Chávez”.
Os grevistas estavam determinados, mas Chávez contava com o exército, a polícia e os fiscais de impostos, utilizando estes últimos para combater a mídia — redes de televisão que criticavam Chávez logo se viram diante de altos valores de tributação retroativa. No final, a greve foi suprimida, e os principais líderes da Coordinadora Democrática — os presidentes da Fedecamaras e da Confederación de Trabajadores de Venezuela — foram presos.”


“Perceba que esses são atos relativamente triviais de desonestidade e adulteração de dados. Qualquer um pode mentir sobre estatísticas, e a maioria dos políticos o faz. Mas há certa profundidade no socialismo que falta aos outros tipos de sistema, mesmo naqueles altamente centralizados e autoritários. Uma vez que o socialismo conta com o mecanismo do Estado para fazer valer as ordens dos planejadores centrais, e tais ordens são vendidas como os esforços dos melhores e mais inteligentes para estabelecer uma ordem racional em nome da população — que não pode fazê-lo por si própria —, torna-se politicamente necessário que o Estado e seus líderes (em muitos Estados socialistas, O LÍDER) sejam fortemente identificados, de maneira quase religiosa, com o povo.”

“Da análise de Rousseau tiramos que a separação de poderes e o sistema de freios e contrapesos não são necessários, pois essas instituições apenas atrapalhariam a capacidade de um líder heroico em agir segundo a vontade geral. Rousseau, assim como Marx cem anos depois, também era contra os intermediários, ou o que hoje chamamos de “sociedade civil”, pois isso também entravaria a habilidade do líder de levar adiante a vontade geral, a qual supostamente conhece por intuição."

 “Seria exagero dizer que todas as instâncias do socialismo, no fim, são idênticas, mas quase sempre há certa familiaridade. E, em muitos casos, essa familiaridade assume a forma de uma repressão brutal, exatamente o que aconteceu na Venezuela, uma vez que se tornou claro que o plano não será cumprido — não agora, não num futuro próximo, não num futuro distante, nunca.”


“Socialismo: como transformar um gigante enérgico num anão
“A Venezuela pode ser uma produtora colossal de energia, com as maiores reservas convencionais de petróleo fora do Oriente Médio e um dos mais poderosos sistemas hidrelétricos do mundo, mas isso não a impediu de enfrentar sérios problemas de escassez de água e eletricidade, que parecem apenas estar piorando.
Nas últimas semanas, o presidente Hugo Chávez vem encarando os protestos da população relacionados à falta de energia que, após seis blecautes nacionais nos últimos dois anos, provocou o corte do fornecimento elétrico durante algumas horas por dia em áreas rurais e cidades industriais como Valencia e Ciudad Guyana. Agora, o racionamento de água foi introduzido aqui na capital.
A deterioração dos serviços é surpreendente para muitos nos Estados Unidos, especialmente porque o país se acostumara a um fornecimento barato e abundante de eletricidade e água nas décadas recentes. No entanto, mesmo com o boom do petróleo enriquecendo seu governo e o sr. Chávez assumindo maior controle das utilidades públicas e de outras indústrias nesta década, os serviços públicos parecem apenas ter decaído, colaborando para a frustração da população.”


“Chávez não pensou duas vezes em fazer de seu antigo ministro um exemplo. Em sua condição de ex-soldado, Chávez tem bastante familiaridade com a política das Forças Armadas venezuelanas, e desde cedo passou a expurgar seus críticos e inimigos das corporações e de cargos importantes do ministério da Defesa. Além disso, seu amigo Fidel Castro lhe emprestou uma equipe de operadores da contrainteligência cubana que monitoram a lealdade dos altos militares — um presentinho de um socialista para outro.”

“A resposta do regime de Chávez, até este instante, foi típica do planejamento central — exigir que os casos de sequestro sejam comunicados (a família das vítimas muitas vezes não se importava em fazê-lo, uma vez que a polícia, quando não estava diretamente envolvida nos crimes, era ineficaz) e, diante dessa informação, congelar as contas bancárias dos familiares — impedindo assim o pagamento do resgate. Obviamente, isso resultou na morte e na desfiguração das vítimas, cujas famílias não tinham recursos e não podiam contar com a polícia para resgatar seus entes queridos. Dessa maneira, a Venezuela sofre com o pior de ambos os mundos: uma polícia estatal que não consegue controlar o crime.”

“Há uma fotografia famosa das Coreias que demonstra, na maneira mais dramática possível, a diferença entre uma economia socialista e outra capitalista. Feita à noite, por satélite, ela mostra as estradas e cidades da Coreia do Sul tomadas de luz, que cessa de maneira ab-rupta ao chegar à fronteira, com a Coreia do Norte coberta pela escuridão, exceto por um brilho tênue nos recintos oficiais de Pyongyang.
A escuridão também está se abatendo sobre a Venezuela.”

 “Por que um país que produz grande parcela do petróleo mundial seria incapaz de abastecer suas próprias cidades e indústrias? Um dos motivos é que, nos últimos anos, a Venezuela resistiu à construção de usinas elétricas à base de petróleo, dando preferência às hidrelétricas, o que torna a geração de energia suscetível às mudanças climáticas. Chávez, obviamente, quer usar o petróleo do país o mínimo possível; tendo seus controles cambiais e outras regulamentações atrapalhado completamente os mercados de importação e exportação, além de a economia se encontrar em frangalhos devido à sua agenda socialista, o petróleo venezuelano vendido nos mercados internacionais representa a principal fonte de moeda forte — em sua maioria, dólares dos malditos ianques — de que precisa para sustentar suas próprias operações, pagar os salários e benefícios dos apparatchiks, financiar suas aventuras no estrangeiro (como o apoio aos terroristas das FARCs na Colômbia) e pagar a Fidel Castro pelo aluguel de seus espiões. Dessa maneira, os venezuelanos não apenas sentem falta daquilo que devem importar, mas também da única coisa que deveriam ter em abundância: energia.

A escuridão que recai sobre a Venezuela é a mesma que pode ser vista à noite na Coreia do Norte. Familiar e previsível. Nós a vimos tomar um país após o outro. E a vemos prestes a tomar o nosso.”

“Você sabia?
• Apesar de seu suposto internacionalismo, a maioria dos líderes socialistas é nacionalista
• O comércio livre internacional é incompatível com o socialismo
O socialismo provoca conflitos nacionalistas ao criar uma escassez de recursos naturais”

“A natureza internacional do capitalismo de mercado livre deixou ramificações fatais para o aspirante a planejador central. O que ele não consegue pôr em prática num só país (ou mesmo numa só indústria) é feito pelos mercados no âmbito de indústrias, nações, continentes — e até através do tempo. Ou seja, os mercados coordenam meios de produção complexos, englobando do capital físico ao capital financeiro e ao crédito, mão de obra, propriedade intelectual, capital organizacional e outros insumos sutis que tornam a vida material moderna possível — e o planejamento centralizado nacional inviável. Hugo Chávez pode tentar estabelecer o preço do arroz na Venezuela, mas, a partir do momento em que este cruza as fronteiras, seu regime não manda mais nada no assunto.”

“Aqui vale a pena reiterarmos uma questão levantada antes neste livro: o socialismo não trata primariamente da redistribuição de riquezas ou receitas dos ricos aos pobres. O socialismo diz respeito a políticos planejando a economia. A politização da economia, e não sua redistribuição, forma a base do socialismo. Por mais que seja algo economicamente complexo e moralmente carregado, a redistribuição constitui uma parte normal de quase todos os estados de bem-estar social modernos.”



“Lenin batizou sua abordagem de centralismo democrático — “o termo deliberadamente impróprio de Lenin para obediência cega”, como ressaltou o ex-secretário de estado Zbigniew Brzezinski.”


“Verde e vermelho
“Seu ‘novo socialismo’ não precisa tomar propriedades. Satisfaz-se em controlar a economia por meio de taxações, regulamentações e atitudes de nossos cidadãos ao estabelecer uma cultura pelas instituições de poder de nossa sociedade: a mídia, a educação e potentes interesses de negócios. Além disso, o ‘novo socialismo’ busca criar uma sabedoria convencional que tira o crédito de qualquer tipo de pensamento alternativo.”

“O foco liberal na ‘energia verde’ e em ‘empregos verdes’ são outros meios de tomar o poder, já que não há envolvimento do mercado livre, apenas a ‘energia verde’ controlada pelo governo e os ‘empregos verdes’ por ele criados. E programas de comércio de emissões do tipo cap and trade são propostos de modo a controlar nossa economia de maneira nunca vista anteriormente.”
Jim Gilmore, Human Events, 2009”


“Você sabia?
• Os socialistas internacionais acreditam que o presidente Obama está abrindo uma janela para o socialismo
• Para implantar o socialismo, os socialistas americanos trabalham com todo mundo, dos ambientalistas aos extremistas islâmicos
A esquerda não repudia a ideia de uma revolução socialista violenta”

“Esse é um modo elaborado de escrever que o socialismo é, por sua natureza, oportunista, e que, como filosofia política, provém sua própria base lógica para tal oportunismo. Se não se pode ter uma revolução mundial, pode-se ter revoluções nacionais na Rússia, na China e na Venezuela. Se não se pode ter uma revolução nacional, pode-se ter o socialismo aplicado pouco a pouco, à la Chávez. Se não se pode ter um verdadeiro programa socialista nacional, ainda é possível implantar fragmentos de socialismo em partes da economia política que Lenin teria identificado como “os elos mais frágeis”

“Se você está se perguntando como um comunista autodeclarado como Van Jones acabou na Casa Branca de Obama e por que tantas pessoas filiadas a organizações socialistas e comunistas conquistaram papéis de destaque (além de funções de bastidores) no governo Obama, isso deve jogar certa luz sobre a questão. Obama foi eleito presidente dos Estados Unidos pelo movimento antiguerra, e este, no país, representa explícita e inquestionavelmente uma criatura do socialismo. Os comícios antiguerra de maior destaque foram promovidos pela International ANSWER, uma ramificação do stalinista Partido Mundial dos Trabalhadores. O comitê de direção da ANSWER é quase uma internacional socialista em miniatura”

“Vale ter em mente que os socialistas de hoje em dia, por trás de toda a retórica democrática, não repudiam a violência, seja na teoria ou na prática. Ao escrever para uma edição de 2010 da New Life Review, Slavoj Žižek, indiscutivelmente o intelectual de esquerda vivo de maior influência, clama pelo uso da violência — como já fizera em outras ocasiões — e perdoa — como já fizera em outras ocasiões — as atrocidades perpetradas pelos socialistas em nome do socialismo. No mesmo artigo, ele repudia de maneira explícita que se possa confiar em instituições democráticas como forma de fazer progredir a causa socialista. Žižek se refere a essas ideias gêmeas como a “desfetichização das instituições democráticas” e a “desfetichização da violência”.[151]”

“Utopias às pencas
“‘On ne saurait faire une omelette sans casser des ouefs’ [‘Não se pode fazer uma omelete sem quebrar os ovos.’]”
Com essas palavras, em 1790, Maximilien de Robespierre acolheu a terrível Revolução Francesa, que começara um ano antes. Com uma firme convicção de que o governo poderia ser utilizado para planejar a vida de outras pessoas, ele se tornaria o arquiteto do período mais sanguinário da revolução — o ‘Reino do Terror’ de 1793-4. Robespierre e sua guilhotina quebraram milhares de ‘ovos’ na vã tentativa de implantar sua ‘omelete’, ou seja, uma sociedade planejada centralmente, utópica.”

“Todos os experimentos coletivos do século XX foram proclamados pelos socialistas como a Terra Prometida. ‘Eu vi o futuro e ele funciona’, disse o intelectual Lincoln Steffens após uma visita à União Soviética de Stalin. Em 1984, na revista The New Yorker, John Kenneth Galbraith afirmou que a União Soviética vinha atingindo um grande progresso econômico em parte por utilizar o ‘potencial integral’ de sua força de trabalho, em contraste com o Ocidente capitalista e menos eficiente. Mas um estudo minucioso de 846 páginas publicado em 1997, O livro negro do comunismo, estimou que a ideologia comunista custou vinte milhões de vidas no ‘paraíso dos trabalhadores’. Milhões de outros morreram em lugares como China, Camboja e Coreia do Norte.”
Lawrence W. Reed, Where Are the Omelets? (Onde estão as omeletes?), 2005”

“Na verdade, há pontos fundamentais da agenda de Obama essenciais em todos os aspectos, menos no nome. Temos de entender, entretanto, que o que a esquerda americana tem em mente não são faixas vermelhas e comitês de trabalhadores. Trata-se de um socialismo que atua de cima para baixo, administrável, com tons da Ivy League;[154] um socialismo que vai adentrando as “forças governantes” da economia, setor por setor; tendo já controlado a educação e o trabalho por bastante tempo, seus olhos agora estão voltados para questões como o comércio, as finanças e a energia. Uma grande vitória concedida pelo governo Obama os encorajou: a socialização parcial do sistema de saúde americano.

Esta claramente é a maneira como Žižek vê as coisas. “Sou um leninista”, declarou ele numa entrevista de 2009 para a revista The New Statesman. “Lenin não tinha medo de sujar as mãos. Se puder obter poder, agarre-o. Faça o que for possível. É por isso que apoio Obama. Acho que sua batalha pelo sistema de saúde é extremamente importante, pois envolve o próprio núcleo da ideologia governante.”[155]”

“Resumir os gastos em determinado setor como uma parcela do PIB é um sintoma clássico de planejamento centralizado. Os defensores da socialização do sistema de saúde confundem a medida com aquilo a ser medido — confundem o mapa com o território. Por que deveria ser um problema o fato de os Estados Unidos gastarem 15% de seu PIB em assistência médica? Por que seria preferível gastar 14%? Ou 10%? E como pensam que quanto menos melhor, por que não 1%?
Esses números são tão significativos quanto o plano de Stalin de duplicar a colheita de trigo a cada cinco anos — eles nada nos dizem sobre as atividades em si, que são por demais complicadas para ser resumidas em medidas simplórias”

“Com o tempo, porém, regras e regulamentações que governarão nosso sistema de saúde terão mais o dedo dos políticos do que dos acadêmicos. É essa a natureza da besta.”

“Meus colegas de Cambridge não são a favor de uma medicina socializada. Mas temo que a fera regulatória que foram encarregados de domar é grande demais para eles, apesar de seus talentos. Daqui a dez anos, lembraremos esses dias como o início do fim da medicina com base no mercado dos Estados Unidos. E meus colegas apenas poderão olhar para trás, balançar a cabeça e dizer: “Não deveria ter acontecido dessa maneira.”[158]
Tradução: não era este o socialismo com o qual sonhamos!”


“Isso é surpreendente, diante de seu desempenho. Os principais planejadores tentam ignorar as realidades econômicas, mas os incentivos sempre seguirão as leis de oferta e demanda, tão imutáveis quanto a lei da gravidade”


“O estudo do professor Goodman nos oferece um valoroso histórico da evolução do sistema de saúde britânico. Ao escrevê-lo nos anos 1970, ele mal poderia prever o quanto descreveria o futuro dos Estados Unidos ao analisar o passado da Grã-Bretanha, o que de fato fez: o mandato individual, a aquisição das companhias de seguro, a comprovação de recursos e o racionamento, a preferência ao planejamento central em vez de sistemas descentralizados e a imposição do socialismo em meio a toda essa confusão.”


“Assim como o sistema americano de seguridade social/Medicare/Medicaid, o programa Lloyd George foi financiado por uma combinação de impostos deduzidos do salário dos trabalhadores, um segundo imposto deduzido dos empregadores e uma contribuição do governo paga com a receita geral dos impostos. Não é necessário um alto grau de sabedoria econômica para perceber que, no final, todos os três impostos são pagos por uma única parte: o próprio trabalhador.”

“Assim, a maioria dos economistas acredita que a carga desses impostos acaba recaindo sobre os próprios trabalhadores. Caso essas taxas não existissem, os salários seriam três centavos mais altos. Além disso, parte do fardo dos impostos gerais também caía, indubitavelmente, sobre os trabalhadores de baixa renda. Portanto, a contribuição do Estado saía em parte dos bolsos dos trabalhadores.”

“Redistribuindo riquezas — e direitos humanos
Um aspecto traiçoeiro da política de redistribuição de riquezas dos governos socialistas é que ela possibilita a repartição de direitos políticos. Uma vez que os direitos de propriedade são fundamentais para qualquer sociedade liberal, a interrupção desses direitos sólidos dá espaço à alteração de muitos outros direitos políticos. O plano de redistribuição de terra no Zimbábue sob o governo socialista de Robert Mugabe é um exemplo dramático. Outro caso é o da “reforma agrária” na Albânia pós-segunda Guerra Mundial, usada como pretexto para atacar a religião organizada, um setor que representava uma oposição considerável ao regime socialista. Conforme relataram Raymond Zickel e Walter R. Iwaskiw num projeto de pesquisa federal para a Biblioteca do Congresso, o objetivo era destruir a religião organizada na Albânia, confiscando e até queimando casas de adoração e outras propriedades religiosas”


“E tal embuste é familiar à população americana contemporânea. Embora o governo Obama tenha prometido aumentar os impostos apenas para os mais ricos, seus planos são de aumentar os impostos sobre os empregadores americanos, como se essas despesas não fossem repassadas para os próprios trabalhadores. Além disso, os impostos sobre os salários serão maiores para uma minoria dos lares americanos financiados pelo programa. Como disse o dr. Brewick, o homem de Obama nos Centros para Serviços do Medicare e Medicaid (CMS), “Precisamos — precisamos! — redistribuir as riquezas” por meio do programa nacional de assistência médica.”
“Entretanto, a proposta de Obama para a saúde, conforme articulada pelo próprio presidente e seus colegas de Congresso, não tinha nada de conspiração bolchevique. Tratava-se de uma trama à David Lloyd George, um programa como o socialismo de guerra de Wilson, uma repetição do nacional socialismo bismarckiano sem o uniforme extravagante, presilhas, epaulettes, bigode ou sotaque prussiano. Trata-se de socialismo num só setor, o conceito fatal sobre os melhores e mais inteligentes, um chavismo sem as camisas vermelhas e as vibrantes canções partidárias. Era e ainda é uma simples parada no caminho para a servidão.”

“O preço é metafisicamente correto
“A tentativa de reformular o mundo seguindo os preceitos socialistas pode destruir a civilização”, escreveu Ludwig von Mises. “Ela jamais construiria uma sociedade socialista bem-sucedida”

“O preço é, entre outras coisas, um retrato da relação entre o que os fabricantes vendem e o que os consumidores desejam. Ainda que intan- gível, é uma realidade, tão real quanto a força da gravidade, um arranha-céu ou um caso de câncer no pâncreas. Comparar os declínios simultâneos da New Coke e do socialismo soviético entre 1985 e 1991 não é um exercício de frivolidade.”

“Como destacou Hayek, o grande problema dos regimes de planejamento centralizado, como o da antiga União Soviética, é que não existem preços para facilitar a comunicação entre produtores e consumidores. Os relatos dos erros de produção na era soviética seriam cômicos se não tivessem cobrado um preço alto. Havia, por exemplo, um excesso na produção de pesticidas (isso para não falarmos de tanques, foguetes e ideologias), mas, por outro lado, períodos de escassez aguda de açúcar, farinha, calçados e outros artigos de primeira necessidade. Usava-se papel higiênico para dar mais sustância às salsichas, até que esse item também começou a faltar. Os ladrões que invadiam as casas levavam tudo, menos dinheiro — não havia por que fazê-lo, já que existia pouco ou quase nada para comprar.”


“Um valioso conselho: sempre desconfiem de quem afirma que fará as coisas de modo racional ignorando a realidade — e ignorar os preços é ignorar a realidade.”

Não desafie os preços !


Trecho de: Kevin D. Williamson. “O livro politicamente incorreto da esquerda e do socialismo.” iBooks. 
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